O que parecia ser apenas uma propriedade rural às margens da SC-108, na Rodovia do Arroz, em Joinville, revelou-se cenário de um dos mais graves casos de maus-tratos a animais já registrados no município. Uma operação coordenada pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) resultou no resgate de mais de 160 animais, entre cavalos, porcos, aves e cachorros, em situação de abandono e sofrimento extremo.
A investigação teve início após uma denúncia formal sobre maus-tratos a cerca de 30 cavalos mantidos em um terreno no bairro Vila Nova. De acordo com o relato, os animais estavam magros, com feridas abertas e sem qualquer tipo de tratamento. A 21ª Promotoria de Justiça instaurou a Notícia de Fato nº 01.2025.00027951-0 e acionou as autoridades competentes.
Durante a ação conjunta — que reuniu MPSC, Polícias Civil, Militar e Científica, Vigilância Sanitária, Secretaria Municipal de Meio Ambiente e o Centro de Bem-Estar Animal — foram localizados pelo menos 160 animais em condições degradantes. Uma mulher, apontada como proprietária do local, foi presa em flagrante. Seu companheiro, que também residia na propriedade, fugiu com a chegada das equipes e continua foragido.
No imóvel, as autoridades também encontraram grande quantidade de alimentos sem procedência, como carnes, laticínios e bebidas alcoólicas, todos descartados pela Vigilância Sanitária. A suspeita é de que, além dos maus-tratos, os envolvidos possam ter cometido crimes contra a saúde pública e o meio ambiente.
“É inadmissível que, em pleno 2025, ainda nos deparemos com situações tão graves de crueldade contra animais. A atuação integrada das instituições foi essencial para garantir o resgate e a responsabilização dos envolvidos”, afirmou a promotora de Justiça Simone Cristina Schultz.
Cerca de 30 cavalos e aproximadamente 120 aves foram retirados do local, alguns em propriedades vizinhas. Os equinos foram levados inicialmente ao Centro de Bem-Estar Animal e devem ser encaminhados ao Instituto Federal Catarinense. Já as aves estão sob cuidados de lares temporários.
A Promotoria estuda medidas extrajudiciais e judiciais para garantir o cuidado contínuo aos animais resgatados. O caso segue sob investigação e a notícia de fato será convertida em inquérito civil após o recebimento dos relatórios das instituições envolvidas.
A operação ocorreu no dia 5 de junho, data em que se celebra o Dia Mundial do Meio Ambiente, e também apura crimes ambientais, como poluição, intervenção em área de preservação permanente e corte irregular de vegetação, conforme previsto na Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98).
