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“Sua felicidade não está nas mãos de ninguém”, diz uma joinvilense guerreira

No Dia Internacional das Mulheres e na véspera do aniversário de Joinville, o Chuville Notícias traz a história de Cátia, que descobriu sua felicidade aqui na nossa cidade.

Redação, Portal Chuville

08 março 2025

editado em 08 março 2025

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Cátia fazendo seu curso de Nutrição depois de passar a noite trabalhando. Foto: Arquivo Pessoal

A carioca Cátia Cilene Baía de Oliveira, de 51 anos, é o exemplo de mulher guerreira e daquelas que poderíamos ficar horas escutando suas histórias. Não podemos dizer que teve uma vida fácil, mas que no fim das contas, seu exemplo serve para todos, inclusive nós, homens.

Depois de uma infância de abandono e negligência no Rio de Janeiro, Cátia cresceu e foi morando em diversos estados brasileiros, passando por Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo, Pará e Goiás. Há cinco anos escolheu Joinville para morar com seu filho, na época menor de idade. Com o coração e felicidade conquistados aqui, podemos dizer que ela é também joinvilense.

“Eu fui surrada quando criança, tive madrasta e padrasto dentro de casa, nunca fui abraçada ou beijada pelos meus pais, tive uma infância roubada. Estudei em uma escola de uma das favelas mais perigosas do Rio de Janeiro, sofri bullying pelo meu cabelo. Meu pai nos abandonou pra ter outra família e a única comida que tínhamos era o sopão da LBV (Legião da Boa Vontade). Eu dormia no chão, andava descalça e minhas pernas viviam marcadas pelas surras de vara que levei. Aos oito anos já sabia cozinhar e era minha responsabilidade cuidar da casa e dos meus irmãos menores. Aos quinze usava uniforme de empregada para trabalhar em casa de família durante o dia para tentar estudar à noite”, conta ela.

O relato a seguir pode ser sensível para algumas pessoas:

“Um dia cheguei em casa e vi minha mãe e meu padrastro brigando violentamente, tentei apartar a briga e fui parar na delegacia. Tarde da noite, vontando pra casa sozinha, fui perseguida por um desconhecido que tentou me estuprar. Tive que ficar escondida no mato pra ele não me achar. Quando eu fiz 17 anos a única saída que encontrei foi me casar pra sair daquele inferno. Engravidei, mas infelizmente perdi meu bebê aos oito meses porque peguei infecção hospitalar. O caixãozinho cabia nos meus braços… Tempo mais tarde descobri que estava em um relacionamento abusivo, cheguei a trabalhar muito para meu ex-marido fazer faculdade e comprar um carro, eu sempre economizando e abafando meus sonhos. O casamento não é tudo”.

Foi então que Cátia sentiu que não queria o exemplo desta vida para seu filho, que hoje tem 21 anos. Resolveu sair de sua terra natal e foi em busca de uma vida melhor em outro lugar. Não teve jeito, a maneira que encontrou para sobreviver foi o empreendedorismo.

Depois de passar por várias etapas, inclusive encontrando apoio em redes públicas, como o Centro de Referência em Asssistência Social (CRAS), grupo de mulheres, terapia, entre outros, Cátia acredita ser uma sobrevivente, pois encontrou diversas maneiras para ser feliz.

“Com toda esta jornada, aprendendo a buscar os meus direitos e a me posicionar, me defender como mulher o tempo todo, brigar não só por minha família mas também muitas vezes ajudando outras mulheres a terem a visão empreendedora e de seus direitos, agora eu tenho autoridade sobre o problema. Porque eu estudei o problema por dentro, porque eu passei e sobrevivi, esta é a minha superação de vida, dia a dia temos que ir além de nossas forças, como um treino militar, vencer as batalhas, superar os medos e conquistar tudo que desejamos”, relata ela emocionada.

Morando no bairro Aventureiro, Cátia trabalha registrada em uma fábrica no terceiro turno (madrugada), faz curso de Nutrição pela manhã, pois ganhou uma bolsa de estudos. E hoje, Dia Internacional das Mulheres, Cátia deixa seu recado:

“Antes de querer o amor de alguém, você tem que se amar, temos que aprender com os nossos erros e escolhas ruins, a sua felicidade não está nas mãos de ninguém, empreender sempre no lugar de ficar parada em casa torcendo pela sorte. Busque seus direitos, quando puder ajude outras mulheres”.

Foto: Arquivo Pessoal

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