Na última semana de inverno, os joinvilenses e boa parte dos brasileiros experimentam um calor acima da normalidade. Temperaturas de mais de 38º em muitas cidades, incluindo Joinville, que teve sensação térmica de 41° na última segunda-feira (18). Os cientistas e climatologistas apontam apenas um único culpado: o já conhecido fenômeno El Niño.
O calor ainda é sentido em boa parte do Brasil e em toda Santa Catarina. O alerta para este primeiro dia de primavera no país é de clima abafado, umidade abaixo do normal e calor excessivo, condições consideradas perigosas para a saúde humana.
Mas afinal, o que esperar para os próximos três meses?
Segundo previsão da Epagri Ciram e do Intituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o El Ninõ será um dos mais fortes registrados. Em Santa Catarina poderá ter chuvas acima da média, com mais dias nublados. Com o El Niño de intensidade forte, aumenta o risco de eventos extremos com chuva forte e totais elevados em curto intervalo de tempo, temporais com forte atividade elétrica (raios), granizo e ventania.
Em setembro os totais de chuva na região de Joinville devem variar entre 110 a 170 mm. Em outubro os volumes de chuva costumam ser os mais elevados do trimestre, entre 140 a 180 mm. Em novembro a chuva ocorre em SC com totais de 130 a 180 mm em média.
Os ciclones extratropicais podem atuar no litoral da Argentina, Uruguai e Sul do Brasil, especialmente em setembro e outubro, trazendo perigo às embarcações, com ventos fortes e mar agitado, que muitas vezes resultam em ressaca. Nevoeiros associados à nebulosidade baixa, com redução de visibilidade, também são esperados para as noites, madrugadas e amanhecer desta estação.
Quanto às temperaturas, são esperados dias com calor acima da média, tendo até dias consecutivos acima de 30º. O pico do fenômeno El Niño deve ser atingido entre novembro e janeiro, atuando durante todo o próximo verão.
O que é o El Niño?
O fenômeno El Niño representa um padrão climático que tem sua origem no Oceano Pacífico, ao longo da Linha do Equador, e exerce impactos significativos no clima global. Normalmente, as águas quentes do Pacífico ocidental são mantidas em seu lugar por ventos que sopram de leste a oeste, em direção à Indonésia e à Austrália. No entanto, durante o El Niño, esses ventos diminuem e, em algumas ocasiões, podem até inverter sua direção, permitindo que as águas mais quentes se espalhem em direção ao leste, alcançando regiões como a América do Sul. A explicação precisa para esse fenômeno ainda é objeto de estudo contínuo por parte dos cientistas, mas a desaceleração dos ventos pode persistir por semanas ou mesmo meses.
Entre os muitos padrões climáticos de grande escala que interagem para influenciar o clima global, o El Niño pode ocorrer a intervalos irregulares, geralmente a cada dois a sete anos, variando em intensidade. Durante esse fenômeno, as águas do Pacífico oriental podem aquecer até 4°C a mais do que o normal.