O prefeito Adriano Silva e sua vice, Rejane Gambin (ambos do NOVO), iniciaram em, 1º de janeiro, o segundo mandato em Joinville, respaldados por 78% do eleitorado joinvilense.
A cerimônia de posse ocorreu ontem, às 17h, na Câmara de Vereadores, com a presença dos parlamentares eleitos para os próximos quatro anos, grande parte alinhada à base governista do atual prefeito, e dos deputados estaduais Matheus Cadorin (NOVO) e Maurício Peixer (PL).
Adriano e Rejane chegaram à Câmara para receber o diploma do segundo mandato, confiantes no que consideram um bom trabalho realizado nos anos da primeira gestão.
Em discurso, destacaram que as ações realizadas nos primeiros quatro anos terão continuidade. Segundo o prefeito, este será um mandato marcado por inaugurações e melhorias na infraestrutura urbana, como a entrega de novos CEIs e pontes, reafirmando sua marca administrativa.
Joinville vem crescendo financeiramente e populacionalmente. A cidade tem uma estimativa de 654 mil habitantes e registra um aumento médio de 10 mil moradores por ano, segundo o IBGE (2010-2022). Esse crescimento traz impactos e exige avanços significativos em diversos setores, como saúde, transporte coletivo, mobilidade urbana, infraestrutura, combate às enchentes recorrentes, segurança e outros problemas estruturais.
Na saúde, durante o primeiro mandato, Adriano enfrentou a pandemia de Covid-19. Em alguns momentos, a gestão foi influenciada pelo negacionismo do governo federal à época. No entanto, o prefeito acabou aderindo às evidências científicas e estruturou a vacinação da população joinvilense, considerando também os impactos econômicos causados pela crise sanitária.
O sistema de saúde também enfrentou colapsos em várias ocasiões, especialmente durante surtos de dengue — um dos maiores do país, com 83 mortes registradas em 2024 — e de doenças respiratórias, que elevaram a demanda nas UBSFs e hospitais.
Houve denúncias de servidores e sindicatos sobre o sucateamento das UBSFs, justificando a implementação de modelos de gestão por organizações sociais em algumas unidades da cidade, como a UPA Sul. Adriano pretende expandir esse modelo para outras unidades durante o novo mandato.
Outro ponto polêmico é a terceirização da gestão do Hospital São José. O tema gerou controvérsia ao longo do ano, mas permanece na agenda do prefeito. As negociações com o Governo do Estado para o custeio do São José também estão no radar do mandatário.
Em 2023, foi firmado um acordo com o governador Jorginho Mello para o repasse de R$ 32 milhões. Até o momento, porém, apenas R$ 24 milhões chegaram ao município. Na época das conversas entre os dois poderes para negociações do repasse, o governo do estado informou que o dinheiro não foi enviado devido a problemas na prestação de contas da prefeitura. Em entrevista antes da cerimônia, Adriano fez questão de alfinetar o governo estadual pelo atraso nos repasses relacionados ao hospital.
Questionado sobre se a saúde será um ponto de atenção nos próximos anos, Adriano enfatizou a importância de um trabalho conjunto com todas as esferas do poder público, mas afirmou que o atendimento básico e essencial vem sendo realizado com excelência pelo município. Ele prometeu investimentos em tecnologia da saúde e citou a falta de reajuste da tabela SUS, afirmando que, desde 2008, não houve atualizações.
Contudo, cometeu um equívoco, já que o último reajuste ocorreu em 2013, no mandato da Presidente Dilma Rousseff. Em 2024, o Presidente Lula sancionou uma lei que prevê o reajuste anual dos valores de remuneração dos serviços prestados ao Sistema Único de Saúde (SUS).
Além da posse do prefeito, Joinville inicia 2025 com uma nova tarifa de ônibus: R$ 6,25 para pagamento antecipado e R$ 6,50 para pagamento embarcado, um aumento de 13%, acima da inflação de cerca de 4%. Em 2024, a prefeitura destinou R$ 35 milhões em subsídios às empresas, mas o processo de licitação para o transporte público segue sem avanços, com nova previsão para o primeiro semestre de 2025.
Com uma das tarifas mais caras do país, o transporte público é alvo constante de reclamações por não atender de forma eficiente toda a cidade. Horários restritos, trajetos insuficientes e precariedades afetam tanto o usuário comum quanto aqueles com necessidades especiais.
Entre discursos enfáticos da vice Rejane Gambin, que destacou a força da mulher na política, e falas otimistas de Adriano Silva, Joinville ainda enfrenta antigos problemas que se repetem há várias gestões. O prefeito terá os próximos quatro anos para resolvê-los — ou dois, caso decida disputar o governo estadual.
Joinville empossa Adriano com vereadores fiéis
Com 19 vereadores, sendo 15 homens e 4 mulheres, 11 deles reeleitos, Joinville terá uma Câmara mais uma vez inclinada à direita. Apenas Vanessa da Rosa, do Partido dos Trabalhadores (PT), representa o campo da esquerda.
Discursos calcados em religião e alinhados com o Congresso Nacional marcaram a cerimônia. Entre declarações de “liberdade” e críticas ao STF, muitos vereadores demonstraram apoio ao prefeito Adriano Silva e fizeram referências a Deus, com falas repletas de citações bíblicas. Em alguns momentos, o púlpito da Câmara assemelhou-se a cultos neopentecostais.
Cleiton Profeta foi um dos poucos a destoar, adotando um tom crítico. Sem papas na língua, como de costume, afirmou estar ali para dar um choque de realidade em uma Câmara que classificou como “progressista” travestida de direita. Ele aproveitou para criticar Adriano sobre a “indústria de multas”, deixando o prefeito visivelmente desconfortável.
Vanessa da Rosa, por sua vez, destacou a importância da diversidade na Câmara e ressaltou que o ambiente continua majoritariamente branco e masculino. Enalteceu o Partido dos Trabalhadores e o presidente Lula, afirmando estar preparada para os desafios de um ambiente que considera difícil.
Discursos de Henrique Deckmann (MDB) e do deputado Maurício Peixer (PL) também chamaram atenção, especialmente ao saudarem a presença do ex-prefeito Carlito Merss (PT) na cerimônia. Ambos exaltaram a oposição republicana durante a gestão de Merss, mas Peixer teve seu microfone cortado antes de concluir o discurso. O vereador reeleito William Tonezzi (PL) presidiu a sessão durante o evento.
Aos demais parlamentares, coube agradecer aos eleitores e replicar discursos direcionados às suas bases. Alguns se destacaram por falas diretas e sucintas, enquanto outros mostraram timidez, como Kiko da Luz. Houve ainda discursos desconexos, como o do representante do Movimento Brasil Livre (MBL), Mateus Batista (União Brasil), que se atrapalhou nas palavras, errou um provérbio bíblico e terminou com um genérico “vamos pra cima”.
Ao final da cerimônia, ocorreu a reunião para a eleição do novo presidente da Câmara. Como esperado, e com alinhamento entre a base e o aval do prefeito, Diego Machado (PSD) foi eleito por unanimidade para mais dois anos à frente da mesa diretora, que contará ainda com Tânia Larson (União Brasil) como vice-presidente e Henrique Deckmann (MDB) como primeiro secretário.
Uma resposta
Vanessa da Rosa, unica representante da Esquerda, como informa a materia, votou formando unanimidade pela manutencao imoral da presidencia da camara pela 3ª vez. Ou seja, para o PT, o Governo adriano Silva esta muito bom.
Ou ela nao É oposição ou o governo Adriano Silva nao é tão de Direita assim.