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OPINIÃO: Terceirizada da merenda escolar será beneficiada financeiramente com aprovação absurda de projeto de lei!

Artigo de opinião por, Jane Becker.

Redação, Portal Chuville

23 julho 2024

editado em 23 julho 2024

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Merenda Escolar em Joinville - Foto Sinsej
Merenda Escolar em Joinville – Foto Sinsej
Jane Becker

Opinião por:
Jane Becker – Professora e presidente licenciada do SINSEJ.

Terceirização é sinônimo de precarização e corrupção, e a prática é o critério da verdade. A merenda escolar de Joinville foi terceirizada em agosto de 2023 com uma série de critérios estabelecidos em edital, entre eles, o fornecimento de todos os gêneros alimentícios e demais insumos necessários conforme especificações. Todos os cardápios, incluindo as dietas especiais, deverão ser elaborados pela empresa terceirizada (contratada), que terá a responsabilidade de encaminhar o nome dos alunos com restrições alimentares e atender conforme prescrição médica ou de nutricionista.

Com justificativa infeliz, inconsequente e oportunista, o vereador Pastor Ascendino (PSD) reapresenta o projeto de lei 184/2024, que havia sido arquivado em 2023, e pior, a Câmara de Vereadores aprova, flexibilizando a responsabilidade e beneficiando economicamente a empresa terceirizada, responsável pela merenda escolar. Assim, os pais das crianças com transtorno do espectro autista (TEA) e que têm restrição alimentar, terão que enviar os lanches de casa. Como argumento em uma rede social, o vereador informa que, se o alimento for rejeitado pela criança autista, “que seja dada a oportunidade de eles levarem seus próprios lanches”.

Esse projeto abre precedente para favorecer economicamente a empresa terceirizada. Afinal, o custo de toda a alimentação é financiado pela prefeitura e o projeto não prevê a redução desse custo aos cofres do município, certo? Portanto, a empresa vai receber e não vai fornecer esses lanches. Ou seja, é mais dinheiro dos impostos no cofre da terceirizada. Cabe perguntar: por que, antes da terceirização, esse problema não foi levantado pelos pais dessas crianças? Significa dizer que o processo da alimentação estava sendo bem conduzido pelas escolas e suas cozinheiras. Então, por que terceirizar?

Outro fator a ser pensado é: se a terceirizada não precisa cumprir com o edital nesse quesito, por que vai cumprir com os demais, se os vereadores aprovam projetos que lhe favorecem? É público e notório as denúncias contra essa empresa por entregar alimentos azedos e com larvas aos servidores. Com essa lei, ela pode rebaixar a qualidade e os pais passarem a enviar os alimentos de casa, gerando diferença entre os filhos dos que podem comer o que quiserem e os filhos que não podem devido à vulnerabilidade social.

O vereador Ascendino e os demais que aprovaram o projeto seguiram o caminho fácil de não impor a fiscalização e a execução legal do contrato para obrigar a terceirizada a cumprir com o combinado. Por que não organizaram os pais para exigir da prefeitura que a empresa fornecesse os alimentos que os filhos precisam? Até porque a empresa está sendo remunerada por essa alimentação especial. Com isso, os vereadores isentam a responsabilidade da terceirizada, repassam a mesma aos pais e sobrecarregam as professoras, que além de muitas não terem auxiliar de inclusão em sala para ajudar, agora terão que se preocupar em servir as crianças com alimentos vindos de casa.

É preciso entender que a alimentação escolar faz parte da aprendizagem da criança e muitas delas aprendem a comer na escola. Aprendem que a fruta é um alimento saudável. Passam a conhecer o sabor de alimentos que em casa não têm acesso pela situação econômica ou porque os pais não têm hábitos de alimentação saudável. Portanto, esse debate é muito mais denso do que aparenta, sobre os pais mandarem bolachinhas, biscoitos ou cheetos para os filhos na escola.

As crianças com o espectro autista têm rejeição de alimentos por conta da textura, da cor e do calor. Há rejeição até pelo formato. Esse debate é muito mais abrangente. Essas crianças têm um laudo que estabelece o que deve ser seus alimentos com a devida orientação nutricional e a empresa terceirizada tem a obrigação contratual de garantir.

Repetindo, terceirização é sinônimo de precarização e corrupção. Alguém duvida que haverá benefícios nada republicanos com a aprovação e a sanção desse projeto pelo prefeito?

Uma resposta

  1. O Prefeito Adriano Silva do partido Novo quer vender o patrimônio publico da cidade mais organizada de SC.
    Joinville por Joinville com @Jane Becker

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