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OPINIÃO: O renascimento de um movimento nocivo, “os SOFISTAS da Atualidade”!

Por Elton Guerra, Cientista Político e Colunista do Chuville Notícias.

Redação, Portal Chuville

22 fevereiro 2025

editado em 22 fevereiro 2025

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elton guerra

Opinião por:
Elton Guerra, Cientista Político e Colunista do Chuville Notícias

Antes de falarmos dos Sofistas da Atualidades, é importante contextualizar e definir filosofia e qual período se inicia.

A filosofia é o estudo racional sobre a existência, o conhecimento, a verdade, a ética, a mente e a linguagem. A palavra vem do grego philos (amor) e sophia (sabedoria), significando “amor à sabedoria”. Ela nasceu na Grécia Antiga, no século VI a.C., na cidade de Mileto, na Jônia (atual Turquia), como uma tentativa de explicar a realidade de forma racional, sem recorrer a mitos ou deuses.

Os primeiros filósofos, chamados pré-socráticos, buscavam compreender a origem do universo (arché). Entre eles, destacam-se:

  • Tales de Mileto – Considerado o primeiro filósofo, defendia que a água era o princípio de tudo.
  • Heráclito – Acreditava que tudo estava em constante mudança (panta rei – “tudo flui”).
  • Parmênides – Defendia a ideia de que a realidade era única e imutável.

Com Sócrates, Platão e Aristóteles, a filosofia se voltou mais para o conhecimento humano, a ética e a política. Sócrates buscava a verdade através do diálogo (maiêutica), Platão desenvolveu a Teoria das Ideias e Aristóteles sistematizou o conhecimento, influenciando diversas áreas do saber.

Em paralelo ao saudável surgimento da Filosofia, também nascia e crescia rapidamente um movimento ao meu ver, nocivo. Os sofistas, que surgiram no mesmo período, não buscavam a verdade absoluta, mas ensinavam a retórica e a argumentação, influenciando a política e a sociedade ateniense.

Os sofistas surgiram em Atenas num período de transformações sociopolíticas, quando a democracia exigia novas habilidades intelectuais, especialmente a persuasão. Eles se destacaram por ensinar retórica e técnicas argumentativas, baseando-se na ideia de que não existem verdades absolutas. Para os sofistas, o essencial era dominar a argumentação, permitindo defender qualquer posição, independentemente de sua veracidade. A verdade, segundo eles, era apenas uma convenção social, sujeita a mudanças conforme a aceitação coletiva. Para quem estuda técnicas de comunicação sabe que o conteúdo da mensagem tem importância menor do que a forma de como se comunica.

  • 7% da comunicação é realizada através das palavras
  • 38% é atribuída à tonalidade, intensidade e outras características da voz
  • 55% é realizada através do corpo, gesto e expressão facial

A mentira acompanha a humanidade desde os primórdios da civilização. Seja nas histórias mitológicas, nas estratégias políticas dos impérios antigos ou nas falsificações de documentos na Idade Média, o engano sempre esteve presente como ferramenta de manipulação e poder. No entanto, com o avanço da tecnologia e a ascensão da internet, a maneira como as mentiras são criadas e disseminadas passou por uma transformação sem precedentes.

O advento da internet proporcionou um ambiente de rápida troca de informações, conectando pessoas de diferentes partes do mundo instantaneamente. Com isso, surgiu também um novo desafio: a dificuldade de distinguir o que é verdadeiro do que é falso, fabricado. As redes sociais, que inicialmente foram criadas para aproximar indivíduos e compartilhar conhecimento, tornaram-se também um terreno fértil para a propagação de desinformação. Fake news, ou notícias falsas, ganharam força e passaram a ser utilizadas de forma estratégica, influenciando eleições, moldando opiniões e até mesmo gerando crises sociais.

Esse fenômeno moderno tem raízes na antiga prática dos sofistas gregos, filósofos que dominavam a arte da retórica para persuadir, independentemente da veracidade de seus argumentos. Hoje, essa tradição ressurge na figura dos “sofistas da atualidade”, que utilizam a internet como um megafone para espalhar narrativas manipuladas, muitas vezes com objetivos políticos e ideológicos. Se no passado a mentira dependia do boca a boca e da limitação dos meios de comunicação, hoje ela se propaga em segundos, atingindo milhões de pessoas com apenas um clique.

O impacto dessa nova era da desinformação é profundo, afetando diretamente o funcionamento da democracia. Campanhas políticas se constroem sobre bases frágeis de fake news, reputações são destruídas por boatos bem orquestrados e a confiança da sociedade nas instituições se esvai diante de uma enxurrada de versões contraditórias dos fatos. Diante desse cenário, é essencial compreender como esse novo modelo de manipulação se estrutura e quais são suas consequências para a sociedade contemporânea.

Os Sofistas da Atualidade

Os sofistas, mestres da retórica na Grécia Antiga, ensinavam que a verdade era relativa e que, com o domínio das palavras, qualquer argumento poderia ser defendido e aceito. Hoje, vivemos um novo ciclo desse fenômeno, onde a disseminação de fake news e a manipulação da opinião pública tornaram-se armas eficazes na arena política e social.

Na era digital, os “sofistas da atualidade” não vendem conhecimento, mas sim narrativas moldadas para atender a interesses específicos. As redes sociais, com seu alcance massivo e instantâneo, potencializaram essa nova retórica, permitindo que informações falsas se espalhem rapidamente, confundindo a população e minando os pilares da democracia. O impacto disso vai além do debate político; reputações são destruídas, decisões eleitorais são manipuladas e a confiança nas instituições é corroída.

Assim como os sofistas gregos, que priorizavam a argumentação sobre a verdade, os produtores e disseminadores de fake news constroem versões distorcidas da realidade para influenciar e persuadir. Mas qual o preço do sofisma para a sociedade? Como podemos combater essa manipulação? Este artigo busca explorar as consequências desse fenômeno e sua ameaça ao funcionamento democrático.

Se na Grécia Antiga a retórica dos sofistas era um instrumento para influenciar assembleias e formar cidadãos persuasivos, hoje, os sofistas da atualidade utilizam as redes sociais para moldar percepções e controlar narrativas. No entanto, a luta pela verdade nunca foi tão essencial. A desinformação não pode ser combatida apenas com censura ou punições legais, mas sim com educação digital, pensamento crítico e o uso consciente das ferramentas tecnológicas.

A mesma internet que potencializa a disseminação de fake news também pode ser um espaço para a valorização da verdade. O combate à desinformação exige uma mobilização coletiva, onde jornalistas, educadores, pesquisadores e usuários comuns assumam a responsabilidade de verificar fontes, questionar narrativas e promover um debate público saudável. A transparência e o compromisso com os fatos devem ser as armas contra essa nova sofística digital.

A história mostra que a verdade, por mais que seja temporariamente sufocada pelo ruído das mentiras, sempre encontra um caminho para emergir. O desafio do presente é garantir que a sociedade não se torne refém de versões manipuladas da realidade, mas sim protagonista de um futuro onde a informação de qualidade prevaleça sobre a retórica vazia dos novos sofistas. Afinal, em tempos de desinformação, buscar e defender a verdade é um ato revolucionário.

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