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OPINIÃO: O Império Estadunidense agoniza e a eleição de Trump é a prova do estertor!

Por Carlos Castro - Jornalista

Redação, Portal Chuville

27 janeiro 2025

editado em 27 janeiro 2025

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Opinião por:
Carlos Castro - Jornalista

Ao assistir a entrevista do professor João Cezar de Castro Rocha no 247, no último sábado (25), senti a obrigação de transcrever as ideias centrais de seu pensamento sobre a leitura assertiva que faz do declínio do Império estadunidense e suas consequências, analisando o discurso de posse de Donald Trump. É uma aula de análise política. Se conseguir, assista na íntegra.

Trump quer voltar ao ordenamento jurídico de 1798″, diz João Cezar de Castro Rocha

Para compreender o nosso tempo sombrio e confuso é preciso conhecer as dimensões dos problemas e desafios postos para tentar superá-los. Qual a origem da política programática de Donald Trump? Qual a tática de comunicação para garantir a alienação e a submissão de seu povo a esta política ultrajante? Somente o conhecimento, a luta de classes e a conscientização podem nos livrar da ALIENAÇÃO e do desastre.

Predomina uma cegueira incauta manipulada pelas bolhas do mundo paralelo extremista. É preciso romper essas amarras com a produção massiva de consciência. As mídias alternativas e independentes, local e nacional, caso do Chuville e do 247, têm a tarefa de serem corretas com os FATOS e as OPINIÕES, embora a luta seja contra os Golias da imprensa PIG e das Big Techs com suas enxurradas de Fake News e distorções dos fatos.

Com Donald Trump sentado no trono de ferro da Casa Branca, com medidas estapafúrdias como tratar imigrantes pior que animais, agredindo e espezinhando brasileiros e latinos, algemados e presos a grilhões, repete um filme de horror que assistimos com a ascensão do nazifascismo na Europa dos anos 20/30. Isso renega a origem da América, que se construiu e se forjou como potência pelo empenho e energia dos imigrantes. Os trabalhadores, eleitores de Trump, despolitizados, realmente acreditam que estão desempregados por conta dos estrangeiros. Alienados, não enxergam que seu país é um ESTERTOR de um império em decadência. Não responsabilizam os artífices do CAOS, a classe burguesa e seu modo de produção capitalista em fase terminal.

Trump, habilidoso na comunicação, promete o retorno aos tempos dourados. Com superlativos estilísticos, diz que sob o seu governo, a América será mais forte, mais rica, mais poderosa como jamais foi. O Império contra-ataca e ao invés de ser Back to the Future, será Back to the Past. A fala final de seu discurso foi, “A idade de ouro apenas começou”. Será? Vamos entender qual é o seu referencial para usar a retórica do resgate do ethos do sonho americano.

Para levar a cabo esse projeto, literalmente voltou ao passado. Trump resgata o ideário McKinley e o corolário Roosevelt. Willian McKinley presidiu os EUA entre 1897 e 1901 e Theodoro Roosevelt foi seu sucessor. McKinley foi um agressivo protecionista com estabelecimento de tarifas de quase 50% às importações. O objetivo era proteger as indústrias domésticas e os trabalhadores da concorrência estrangeira. Porém, a política protecionista foi um dos fatores que culminou com a eclosão da “Grande Depressão” nos EUA. Afinal, toda causa gera um efeito e toda ação é seguida por uma reação na mesma medida e proporção. Essas são leis universais que essa gente ignora.

Roosevelt formulou o Big Stick, a diplomacia do grande porrete, segundo a qual, os EUA deveriam exercer a sua política externa como forma de deter as intervenções europeias, principalmente britânicas. Roosevelt tomou o termo emprestado de um provérbio africano, “fale com suavidade e tenha à mão um grande porrete”, deixando claro que o poder para retaliar estava disponível. Foi nesse contexto ideológico e econômico que o Canal do Panamá foi pensado para facilitar o deslocamento de mercadorias estadunidenses para a América Central.

De maneira objetiva e concreta, com McKinley e Roosevelt, os EUA começaram a intervir militarmente na América Latina. Foi sob esse modelo de ação que Cuba se torna um quintal dos EUA, tendo como o primeiro presidente um político indicado pelo governo estadunidense que tinha como missão, formalizar a dependência de Cuba aos EUA. A Revolução Cubana acabou com a farra.

A base legal para invasão de países latino americanos foi dada por esse corolário, da diplomacia Big Stick (grande porrete), “se um país latino americano tiver dificuldades de pagar a dívida externa com os EUA ou se o negócio das empresas americanas for prejudicado, então as forças armadas podem invadir o país”. É nesse período histórico que surge a expressão “república das bananas”. A empresa United Fruit Company, espalhada pela América Latina, que dominava a produção de bananas e abacaxis, “pintava e bordava”, submetendo os governos aos seus interesses. Quem tentou se insurgir foi golpeado, caso ocorrido na Guatemala.

Quando o Trump cita McKinley junto com a ameaça de renomear o Golfo do México para Golfo da América, e retomar o Canal do Panamá, para o povo estadunidense, tudo está dito. É um governo protecionista, nacionalista, imperialista, expansionista. Esse é o sentido da referência ao McKinley.

Para além de gestos e saudações, o nazifascismo é modelo do governo Trump

Frase cunhada por Karl Marx, “a prática é o critério da verdade”, é um meio para se fazer a leitura sobre a linha político programática de um governo. A simbologia manifesta nos gestos e saudações nazistas de Elon Musk e de Steve Bannon, durante as comemorações de posse de Trump, o expurgo que está sendo feito com os imigrantes latinos, a praxis inicial do governo, evidenciam a afinidade inequívoca com o abominável projeto nazifascista.

Com as tensões na sociedade, com a crise das instituições burguesas, corolário da crise terminal do capitalismo, o modelo fascista é um recurso do próprio sistema para tentar superar sua crise, porém, seu método é de intolerância, guerras e morte como ocorreu nos anos 30 e 40 com a Segunda Guerra Mundial. O nazifascismo ganha tração no segundo mandato de Trump. Assim, a humanidade estará refém da tirania de um louco recheado de bombas atômicas com suas pastas e os botões vermelhos.

Na década de 20 e 30, teve um movimento que era chamado de revolução conservadora. Os nazifascistas adquirem o caráter dessa mudança radical reacionária. Seu objetivo era voltar a uma IDADE DE OURO, que só existe na cabeça deles, por completa incompreensão ou ignorância do funcionamento e das contradições do sistema capitalista. Mussolini sonhava em reviver o Império Romano, mas seu ataque contra a Etiópia foi um completo desastre. Hitler, na ideologia nazista, criaria o Terceiro Reichert ou Terceiro Império, que duraria mil anos. No encerramento do discurso, Trump falou uma frase que serve de gatilho mental para Musk, Bannon, Zuckerberg, Bezos e seus eleitores alienados, “A Idade de Ouro apenas começou”, “Golden age just begin”.

Existe uma filosofia que baliza a linha política da extrema-direita contemporânea e foi estudada por um pensador estadunidense. Benjamim Teitelbaun escreveu “Guerra pela Eternidade” e mostra como, Bannon, o russo Alexander Dugin e Olavo de Carvalho, esses mentores do extremismo nazifascista têm projetos com pontos em comum: o TRADICIONALISMO que defende uma espécie de concepção cíclica e não linear da história. Já que trata de ser cíclica, se houve uma idade de ouro e foi perdida, é possível retornar a ela.

Mas para ocorrer, é preciso acelerar o curso da história. Ser um revolucionário do retrocesso para uma revolução reacionária e conservadora. Portanto, basta trabalhar incansavelmente a alienação do senso comum com falsas teorias, revisionismo histórico sem fundamento sob a visão tradicionalista voltada para a IDADE DE OURO do capitalismo.

Trump pretende governar como um Imperador

Trump venceu pelo voto popular como há décadas não ocorria com um presidente republicano. Venceu em todos os estados pêndulos que decidem as eleições nos EUA. Obteve também uma vitória acachapante no colégio eleitoral. Tem maioria na Câmara, no Senado e na Suprema Corte. TODAS as Big Techs vão lhe dar amplo apoio.

Com todo esse poder, Trump deseja ser um autocrata e como tal, precisa modificar o ordenamento jurídico interno dos EUA. Entre 2016 e 2020, ele não conseguiu seguir adiante com o seu projeto autocrático porque foi impedido por servidores públicos em altas funções burocráticas que são funcionários de Estado e não agentes de governo. Por isso, são demonizados por Trump. É como no Brasil, se não fosse o servidor que impediu o Almirante de entrar ilegalmente com as joias árabes, o país não teria tomado conhecimento sobre esse escândalo.

A reestruturação interna que pretende fazer no Estado, Trump diz que de imediato, suspenderá todas as ações que permitam tornar o ordenamento jurídico uma arma contra adversários. Ele diz ser, juridicamente, um perseguido. Elon Musk pretende demitir como antipatriota, todos os funcionários de alto escalão do Estado que se recusem a assinar ou autorizar, os delírios autocráticos de Trump. Os decretos de Trump só podem ser derrubados pela Suprema Corte, mas esta é completamente dominada por trumpistas.

Perfura, bebê, perfura

Negacionista das mudanças climáticas, Trump rompe com o Acordo de Paris e afirma que os EUA vão continuar perfurando o ouro líquido (petróleo) como uma riqueza de seu governo. O consumismo irracional de seu país, grita por energia infinita. Mas uma imagem se concentra como expressão histórica e prenuncia a necessidade real de um futuro alternativo. Por ironia, Trump não fez a posse ao ar livre porque o frio e a nevasca ocorrida em Washigton nunca houve antes na história. Ele diz, vamos continuar a perfurar o petróleo, mas sua posse não rola ao ar livre porque a natureza impede pela agonia que sofre com as mudanças climáticas.

A hegemonia econômica mundial no colo da China

O estertor do declínio do Império Estadunidense pode ser longo e revigorar, mas não vai deixar de ser um estertor. O Musk sabe que a Tesla não tem como competir com a BYD. Jeff Bezzos sabe que se a equivalente chinesa da Amazon se tornar mundial, será um competidor feroz.

O PIB Chines, nos últimos 20 anos, dobra em relação ao crescimento estadunidense. Se a Rota da Seda em algum momento for plenamente desenvolvida como chineses pretendem, com investimentos trilionários em infraestrutura, haverá transferência definitiva da hegemonia econômica global do ocidente para o oriente.

Há uma diferença estrutural básica no investimento chinês com relação ao EUA. Os chineses investem em infraestrutura nas regiões e em outros países, diferente do que fazem os yankees.

Essa transferência hegemônica sob a liderança da China tem a presença forte da Índia, da Rússia e do Brasil, com o desenvolvimento do BRICS que está em fase de colisão contra o domínio do Dólar.  

Conclusão

Podemos concluir que Trump vai balizar seu novo mandato sob a retórica narrativa de resgate dos tempos dourados, de hegemonia absoluta que nunca existiu. Os EUA sempre tiveram antagonistas poderosos, seja a Inglaterra, a União Soviética e atualmente, a China.

As origens políticas programáticas de seu projeto Back into the Past, TODAS tiveram efeitos colaterais econômicos graves e foram derrotadas pela história. O protecionismo foi uma tragédia para os EUA e o mundo, culminando com o Crash da Bolsa de valores em 1929 e com a Grande Depressão salva pelo NEW DEAL de Franklin Delano Roosevelt com o modelo do Walfare State keynesiano.

O NAZIFASCISMO destruiu as forças produtivas na Europa com o sangue de milhões de seres humanos vitimados pelo Holocausto. Porém, há bufões tresloucados e bilionários, donos das Big Techs, que querem jogar a humanidade novamente no inferno. Para ganhar um novo respiro com a reconstrução econômica, só resta ao regime capitalista promover uma nova guerra mundial. Não há volta ao passado glorioso (Golden Age), sem derramamento de sangue de milhões de seres humanos.

Trump ao invés do salvador da pátria, será o estertor dos EUA, responsável pelo tiro na culatra que levará a hegemonia econômica mundial para os chineses. Porém, o mundo vai sentir os espasmos do capitalismo yankee agonizante.

Para impedir a ascensão duradoura desse projeto de morte é preciso que haja um projeto massivo de consciência com formação filosófica, política, cultural e de lutas concretas anti-capitalistas e anti-imperialistas. Não há saída humana fora do Socialismo. A Utopia deve ser nossa bússola para avançarmos nas relações sociais humanistas e fraternas e não retroagir a uma inverossímil idade dourada capitalista.

Respostas de 2

  1. Excelente texto, muito esclarecedor. A rápida evolução tecnológica da china, o domínio da rota comercial marítima, onde comprou vários portos, inclusive no canal do Panamá, o crescimento repentino do BRICs, está trazendo uma nova configuração do eixo econômico mundial. A implantação de uma nova moeda, sinaliza a queda do império americano.

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