Lendo o texto de Sartre, “O Existencialismo é um Humanismo” consigo perceber o equivoco que eu tinha sobre essa filosofia, por concebê-la como pessimista ou até niilista, sem lhe dar importância e buscar conhecê-la. Na verdade, o autor clarifica que o EXISTENCIALISMO transborda a concepção HUMANISTA e abstrai a ideia da existência de Deus. A existência precede a essência.
Portanto, o divino fica à margem do valor filosófico da existência humana. E o existencialista não tomará “nunca o homem como fim, porque ele está sempre por fazer”. O homem é o que ele faz, sendo o seu próprio legislador. O que vale é a subjetividade na cadência da existência. A subjetividade é o motor para a compreensão da realidade humana. “O homem primeiramente existe, se descobre, surge no mundo; e que só depois se define”.
A concepção de crer ou não em Deus é filosoficamente irrelevante sobre a existência do SER HUMANO. Sendo ateu, cristão, budista, hinduísta, judeu ou do islã, o que importa é a PRAXIS do SER que precede a essência espiritual de cada um. “O homem é responsável por aquilo que é”, Deus não tem nada haver com isso. Eu e você, somos os capitães de nossa existência como expressão coletiva e não individual. Somos um responsável pelos outros e os outros por mim. A teia da vida está entrelaçada. “Ao criar o homem que desejamos ser, criamos, ao mesmo tempo, uma imagem do homem como julgamos que deve ser… Nada pode ser bom para nós sem que o seja para todos”.
A minha verdadeira face espelha a face do outro e este é indispensável para saber quem sou eu. “É necessário que o homem se reencontre a si próprio e se persuada de que nada pode salvá-lo de si mesmo, nem mesmo uma prova válida da existência de Deus”.
Com esse nível de entendimento sobre a responsabilidade existencial, há o contra ponto da angustia para balizar as decisões assertivas ou não em nossas vidas, porque todas as decisões tomadas afetam de forma indelével o coletivo, a sociedade, a humanidade. Portanto, o valor e o sentido da vida estão no poder das escolhas que fazemos.
No existencialismo, estamos condenados a sermos livres. Afinal, não somos cria de nosso arbítrio, mas uma vez lançados ao mundo, somos responsáveis por tudo quanto fizermos. O destino da humanidade está nas mãos da humanidade, e a escolha de cada um afeta o todo. Então, vamos prestar atenção nas escolhas que fazemos, para o bem ou para o mal, porque não tem jeito, a lei de causa e efeito será cruel ou não, na consequência, no resultado.
O existencialismo é uma filosofia para os que atingiram a fase espiritual adulta, porque eles têm em suas mãos, a consciência do controle da existência com ou sem os seus feitos e as consequências de tais atos ou a ausência deles, sem qualquer interferência divina. “Estamos sós e sem desculpas”.