Quem é o motor da produção, da economia e da riqueza de um país? A classe trabalhadora. Nada é produzido sem o suor, gasto de neurônios e a energia operária em sua longa jornada de trabalho. No Brasil, temos uma escala absurda de 6X1 distribuída em 44 horas semanal de trabalho.
O projeto de lei da deputada federal Erica Hilton do PSOL furou a bolha e vem pautando o debate nacional sobre esse tema que é uma tendencia mundial com a evolução geométrica da tecnologia em tempos de inteligência artificial.
No final do século XIX, quando os trabalhadores tinham uma jornada de 13 horas de trabalho, a classe se insurgiu nos EUA com greves e guerra campal, muita luta e derramamento de sangue, na Revolta de Heymarket ocorrida de 1 a 4 de maio de 1886, em Chicago. O movimento arrancou o direito de redução da jornada para 8 horas diárias e a data de 1 de maio é marcada como o dia do trabalhador com feriado nacional. No Brasil, essa conquista se deu no governo de Getúlio Vargas em 1932 e as 44 horas semanais é oriunda da Constituição de 1988. Lá se vão 36 anos de muita evolução tecnológica e momento pertinente desse debate sobre a escala de trabalho de quem motoriza a riqueza das nações.
O modo de produção capitalista é baseado na exploração da MAIS VALIA vinda da mercadoria força de trabalho que os seres humanos tem a vender para receber um salário que garanta o seu sustento. Porém, essa mais valia é o valor a mais que o sistema capitalista permite de ser arrancado das horas a mais que o trabalhador dedica na produção de mercadorias, já que em uma a duas horas ele produz a quantidade necessária para pagar o seu salário. As outras horas de trabalho servem para enriquecer o patrão. Portanto, a luta pela redução da carga horária de trabalho é muito JUSTA e necessária.
É pública e notória a reação da elite burguesa do atraso contra qualquer conquista de direitos. Essa mesma elite se insurgiu inclusive contra o fim da escravidão, do direito a folga e férias remuneradas, e outros direitos que minimizam a exploração com a mesma retórica de hoje, “vai quebrar o país”. Para isso, contam com seus aparelhos ideológicos, principalmente os meios de comunicação de massa na lavagem cerebral alienante que já começou, contra a medida.
Os países europeus com o Welfare State conquistado devido ao temor das revoluções socialistas no século XX, tem jornadas que oscilam de 30 a 36 horas, com salários operários até 10 vezes maiores que no Brasil e com indicadores astronômicos de produtividade. Portanto, qual o sentido de manter a carga horária em 44 horas semanais na escala 6X1? Tirem a venda dos olhos e o espirito de exploração. Temos tecnologia mais que suficiente para permitir a redução de jornada com aumento de produtividade e empuxo nos indicadores de emprego. O círculo será virtuoso para a economia, para o país, mas sem a arapuca da redução de jornada com redução de salário como tentativa para enganar a torcida. Não é essa a pauta.
A Cipla quando esteve sob o controle dos trabalhadores entre 31 de outubro de 2002 a 31 de maio de 2007, reduziu a jornada inicialmente para 40 horas semanais e em dezembro de 2006 para 30 horas semanais. O resultado da produtividade foi espetacular. Os trabalhadores eram dedicados e trabalhavam sorridentes, porque 6 horas passavam muito rápido. Assim, ao sair da fábrica, tinham tempo para certo ócio criativo dedicado a família, a leitura, a cultura, a diversão e arte.