Creio que ontem (20), o mundo sofreu uma mudança dialética de qualidade com a posse, o discurso e as primeiras medidas de Donald Trump, nos EUA. O sentimento para mim foi tragicômico com a vergonha passada no débito e no crédito pela bozolândia patética, congelada e fora do convescote oficial. Esses caipiras infames se comportando como provincianos vira-latas foram barrados no baile, bancados com o nosso dinheiro público, queimado por essa patacoada ridícula.
O trágico da análise passa pelo entendimento de que precisamos de um olhar crítico e agudo acerca das potencialidades autoritárias emergindo e se impondo no momento histórico em que vivemos. Tudo está ficando nebuloso, estranho, sectário com legiões sequazes prontas para promover o CAOS e o INFERNO no intuito de derrotar os valores civilizatórios humanistas. O róseo paraíso com princípios iluministas é embebido por grilhões obscuros e fundamentalistas. O nome de Deus com a Bíblia em mãos volta a ser usado para consagrar o ódio e a desumanidade. O futuro descamba no horizonte para uma distopia caricaturesca.
Em “O 18 Brumário”, Karl Marx afirma que a história ocorre primeiro como tragédia e depois como farsa. A ironia do autor se referia ao golpe de Estado ocorrido na França pelo sobrinho de Napoleão Bonaparte. Luis Bonaparte eleito em 1848, resolveu impor uma ditadura ao país, seguindo a trajetória de seu tio que se auto nomeou Imperador 47 anos antes. A humanidade está sentindo um DEJA VU semelhante ao ocorrido cem anos atrás. Donald Trump, Elon Musk e o staff trumpista do governo é uma versão caricata do nazifascismo de Hitler e Mussolini no coração do Capitalismo em sua fase terminal. Uma dantesca farsa infernal.
Como espiritualista que sou, sonho e torço para que esteja certa, a tese de que estamos no limiar da migração do mundo de provas e expiações, onde o mal se sobrepõe sobre o bem, para um mundo de regeneração, onde o bem vai se sobrepor ao mal. O problema é que ao se fazer uma análise crítica da materialidade concreta da realidade, não resta outro sentimento além do pessimismo sobre o futuro incerto que se avizinha. As perguntas que fizeram surgir a filosofia na Grécia antiga nos instigam à busca pelas respostas há mais de dois milênios. De onde viemos, o que estamos fazendo aqui e para onde vamos?
No meu entendimento, a humanidade passou pela evolução e crescimento mental e espiritual assim como ocorre com os bebês e crianças que passam por diferentes fases, até se tornarem adultos. Em cada fase, há marcos de aprendizados e entendimentos, de erros e acertos, de desenvolvimento e evolução. Como Homo sapiens, a espécie humana moderna existe há cerca de 200 mil anos e, durante esse período, tivemos inúmeras fases evolutivas e de retrocessos. A queda civilizatória do Império Romano foi um desses retrocessos históricos que atrasou o progresso humano em mais de mil anos, com o período feudal na Idade Média, onde a religião tomou conta.
Com a Renascença artística e o Iluminismo filosófico e científico, voltamos aos trilhos da evolução. A Revolução Francesa e estadunidense foram marcos para a formação de uma nova ordem mundial e de um novo sistema econômico. Lá se vão 235 anos do modelo burguês e capitalista, hoje completamente desgastado e falido, onde os ricos milionários, 1% da população, não pagam impostos e não querem permitir benefícios sociais aos pobres. Nada pode impedir a sangria do pagamento dos juros aos rentistas, que engole o orçamento dos países endividados por uma dívida que não se tem noção de como foi feita, como ocorre no Brasil.
Para se ter ideia do descalabro e da sangria, o orçamento da União em 2024, destinou aos banqueiros e rentistas, R$ 2.477.406.020,00 (dois TRILHÕES, quatrocentos e setenta e sete BILHÕES, quatrocentos e seis MILHÕES e 20 mil reais) equivalente a quase 50% do orçamento. O baronato da Faria Lima toma em taças de cristais finos, champagne “Goüt de Diamantes” de U$ 1,8 milhões de dólares a garrafa. Enquanto isso, põe pressão para Haddad mexer no BPC, segurar aumento real ao Salário Mínimo e não cobrar imposto dos endinheirados com apoio da imprensa e da bozolândia neofascista.
A riqueza anteriormente era padronizada em ouro, porém, o presidente dos EUA, Richard Nixon, em 1971, deu um golpe na conversibilidade do padrão ouro/dólar. Com isso, quem comanda a economia no mundo é a moeda estadunidense, sem necessidade de ter o equivalente em riqueza para a emissão da mesma. Atualmente, estamos chegando ao esgotamento desse modelo fictício que vive da especulação financeira, onde ao invés de riqueza, só há papeis sem qualquer lastro. A fase imperialista do capitalismo, onde os bancos se refestelaram dando as cartas, esgotou-se. Nesse contexto, Trump é alçado ao posto de poder mais importante do mundo e se rodeia dos seres mais vis que parecem ter saído da Caixa de Pandora.
Quanta idiotice é essa de viver para concentrar tantos bilhões nas contas bancárias de meia dúzia, de viver unicamente pelo poder e riqueza, se temos tempo de validade no plano terrestre. Quanto equivale esse tempo perante a eternidade? Como tanta cegueira não enxerga a óbvia lei de ação e reação e de causa e efeito de Isaac Newton, cravadas na ciência há tantos séculos? Ao invés de construirmos fundamentos humanistas para um mundo e vida feliz, preferimos a ganância burra e efêmera, o ódio ao diferente, a desumanidade, perante a eternidade.
Infelizmente, a ALIENAÇÃO é o mal maior de nosso tempo. Na encruzilhada que a humanidade se encontra, a única alternativa para manter o sistema capitalista, é afundar o mundo em governos FASCISTAS e não mais com guerras periféricas, mas na eclosão de uma nova guerra mundial com a destruição das forças produtivas e com o sangue de milhões ou bilhões de seres humanos.
O problema é o vaticínio de Einstein, “Não sei como será a terceira guerra mundial, mas poderei vos dizer como será a quarta: com paus e pedras”. Será esse preço amargo e tão caro que iremos pagar pela incapacidade de evoluir para um modelo verdadeiramente humano, democrático, socialista e utópico?