O Chuville Notícias tem recebido várias denúncias de locais, em diversos pontos da cidade, que são considerados ideais para a reprodução do mosquito Aedes aegypti – o que transmite a Dengue, que já matou 10 pessoas em Joinville desde o começo deste ano.
Nesta semana, duas obras da prefeitura chamaram a atenção dos moradores. Uma, localizada no bairro Floresta, no cruzamento das ruas São Paulo e Augusto Schmidt, tem uma poça grande d’água que, segundo moradores, está assim há semanas e não baixa devido à chuva frequente. Reclamações e até ouvidoria foi feita, mas até agora não houve resolução.
Questionada, a prefeitura de Joinville informou que a Seinfra (Secretaria de Infraestrutura), pretende instalar uma caixa de drenagem no local e que as obras deveriam iniciar nesta semana, caso não chovesse. O problema é que estamos em uma semana que promete ser chuvosa, conforme previsão da Defesa Civil. E a água parada deverá continuar por lá.
Outra obra com criadouros ideais para o mosquito da Dengue está sendo tocada por uma empresa terceirizada da prefeitura no bairro Vila Nova. A Construtora Adrimar é a responsável por obras de requalificação, drenagem, pavimentação e construção de áreas de lazer no bairro. As obras de R$ 95 milhões começaram no fim do ano passado e, em alguns pontos, como na rua Rudolf Baumer, há materiais com poças d’água.
Em resposta a esta reportagem, a prefeitura de Joinville informou que a Seinfra é a responsável pela fiscalização das obras do município. Uma equipe irá averiguar o local e “eliminar possíveis criadouros” do mosquito. Disse também que irá reforçar para que a Construtora Adrimar mantenha o cuidado com água parada.
Mosquito tem se adaptado e usado água suja para se reproduzir
Um estudo feito entre 2021 e 2022 aponta que o mosquito Aedes aegypti – responsável não só pela Dengue, mas também por doenças como Zika, Chikungunya e Febre Amarela Urbana – tem se adaptado e usado a água suja para se reproduzir. O fato é sustetado por Natalia Verza Ferreira, cientista, doutora em genética e biologia molecular da Oxitec do Brasil.
Técnica do mosquito modificado gera preocupação
Em Joinville, uma solução que está sendo preparada é a criação de mosquitos modificados com a tecnologia “Wolbachia”, uma bactéria capaz de neutralizar o vírus transmissor da Dengue. Devido ao grande índice de infectados e de mortes pela doença, a cidade foi escolhida pelo Ministério da Saúde para aplicar a técnica a partir deste ano.
Porém a estudante de engenharia ambiental, Sandra Regina Sievert, enxerga a tecnologia com precupação. Segundo ela, a técnica poderá gerar desequilíbrio ambiental. “Na natureza tudo se transforma. Tudo se adapta. Eles tiraram uma bactéria da mosca da fruta e colocaram no mosquito olhando para um problema, mas pode gerar outro. Não tem estudos suficientes sobre o assunto”, questiona.