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O universo paralelo de Joinville

Autoridades optam pelo negacionismo ao definir Sergio Moro como um herói e exemplo a ser seguido.

Redação, Portal Chuville

27 outubro 2023

editado em 27 outubro 2023

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Cidadão Honorário Sérgio Moro. Foto: Mauro Schlieck/CVJ

Por Leandro Ferreira | Editor da Newsletter Guará Jornalismo e colunista político aqui no Chuville!

Entregar o título de “Cidadão Honorário” a uma personalidade é uma prerrogativa dos vereadores – não vou discutir este mérito. O vereador Nado (Pros) tem todo direito de indicar a entrega da honraria a Sergio Moro – mas o que vimos hoje em Joinville foi um episódio do “Fantástico mundo de Bob” – me perdoem pela referência das antigas.

Era um desenho em que o personagem principal, um menino, tinha ilusões – muitas coisas aconteciam na imaginação dele, e isso o paralisava. Mas Bob era um menino – estava deslumbrado com o mundo – e imaginar lhe fazia bem.

Em Joinville, no entanto, testemunhamos adultos, políticos eleitos, nossos representantes tratando Sergio Moro sob uma ótica totalmente parcial – seria uma forma de se aproximar do homenageado?

Vamos lá. Eu li a justificativa de Nado para indicar o título a Sergio Moro. Também não discuto a parte da indicação que se sustentaria pela atuação do magistrado em Joinville – entre 1999 e 2002.

Mas a partir do momento em que analisamos o senador Sergio Moro no âmbito da Lava Jato – Nado, todos os vereadores presentes hoje e autoridades políticas – precisam urgentemente buscar mais informações, lerem mais. Porque o universo que eles estão mergulhados foi implodido em 2019 – durante a divulgação da série de reportagens “Vaza Jato”, do Intercept Brasil.

A Vaza Jato revelou que o trabalho de Sergio Moro na Justiça Federal de Curitiba não é um exemplo a ser seguido. As reportagens evidenciaram que o ex-juiz atuava em dobradinha com a acusação, com o Ministério Público Federal. E não, isso não é permitido – isso é ilegal.

O Ministério Público Federal pode acusar, pode produzir provas, pode denunciar um acusado e processá-lo na esfera judicial. Mas o juiz não, ao juiz compete julgar – de forma isenta e imparcial. E, definitivamente, não era isso que Sergio Moro fazia.

Além disso, atuando daquela forma – Sergio Moro retirou Lula da disputa presidencial de 2019 e, pior, depois se beneficiou disso – ao assumir a pasta de Ministro da Justiça de Jair Bolsonaro.

Não estamos mais em 2019 – todos já conhecem os fatos. Agora, também é possível negá-los, optar pelo negacionismo. E ao que tudo indica – foi o que muitas autoridades escolheram fazer hoje. 

Respostas de 2

  1. Bingo! Parabéns pelo texto…em Joinville a realidade paralela é vivida por muitas pessoas. E são pessoas que comandam a cidade. Situação grave.

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