Os pais e mães de crianças e adolescentes doentes não tiveram uma segunda-feira fácil. Um novo episódio de superlotação foi registrado ontem (1º/04) no Hospital Infantil Jeser Amarante Faria, atualmente controlado por uma organização social. Em um dia de registro histórico nos últimos 15 anos, 409 atendimentos foram feitos em um único dia. Com a unidade cheia desde a madrugada e a demora no atendimento, a confusão e revolta de pais e mães se instalaram e a Polícia Militar foi chamada para evitar algo pior.
Vídeos circularam na internet mostrando muito bate boca e sala de espera lotada. Muitos em pé porque sequer tinham lugar para sentar com seus filhos. “Tu é médico? Então não serve porque não tem criminoso aqui”, disse uma mãe a um dos policiais. “Isso é palhaçada, meu filho está com febre, teve até convulsão e não fomos atendidos ainda”, disse outra mãe.
Não é a primeira vez que o Hospital Infantil registra confusão por superlotação. Há exatamente 30 dias o Chuville Notícias publicou uma matéria mostrando a revolta de uma mãe, com criança de colo, reclamando as mesmas coisas. Somente nesta segunda-feira, 42 ambulâncias deram entrada na unidade.
“Levei minha filha às 4h30 da manhã e o hospital já estava lotado, com poucas cadeiras pra sentar. Ela recebeu a pulseira amarela e só foi atendida às 8h. Durante esse tempo de espera a febre dela piorou, vomitou duas vezes e ninguém liberou qualquer medicamento pra ela, diferente de outras vezes que antes do médico o paciente recebia remédio pra aliviar a dor. Saímos de lá depois das 13h e a recepção estava mais lotada ainda”, conta Altamir Andrade, um dos pais.
“Casos pouco urgentes são a maior parte”, diz Hospital Infantil
Em resposta à imprensa, a direção do Hospital Infantil disse que a maior parte dos atendimentos da unidade são considerados “pouco urgentes”. A avaliação leva em consideração o “Protocolo de Manchester”, onde as cores azul, verde, amarelo, rosa e vermelho determinam a gravidade da situação. Ontem 169 casos estavam com a cor verde, conforme os dados abaixo:
Embora a unidade seja referência de alta complexidade, viu o número de atendimentos triplicar nos últimos meses, sobretudo nos casos considerados “pouco urgentes”. Estes, segundo a diretora executiva do Hospital, Estela Cuchi, poderiam ser absorvidos pelas unidades básicas de saúde e UPA’s do município. Grande parte da procura se dá por sintomas respiratórios, muitos com suspeitas de Covid-19 e Dengue.
“Temos 5 médicos de plantão trabalhando 24h, sendo 3 pediatras, 1 ortopedista e 1 cirurgião, além de toda a equipe de enfermeiros. Nossa equipe estava acuada e todo o processo de acalmar as pessoas reflete na demora do atendimento”, disse Estela. Além disso, ela argumenta que a unidade atende não só Joinville, como toda a região.
Dia de caos também nas UPA’s
Quem precisou de atendimento médico em uma das três Unidades de Pronto Atendimento 24h de Joinville, enfrentou mais um dia de superlotação nesta segunda-feira. A média de tempo de espera foi de oito horas para atender uma demanda cerca de 15% superior ao habitual, de acordo com a prefeitura.
Para piorar a situação, três médicos estavam de atestado, reduzindo ainda mais o quadro de funcionários, considerado insuficiente, conforme já publicado pelo Chuville Notícias.
Mesmo com falta de médicos em alguns postinhos, a Secretaria de Saúde orienta a população a procurar estas unidades nos casos de sintomas leves. Segundo a pasta, são 35 médicos pediatras efetivos e mais 3 em um convênio com o Hospital Bethesda.