Em 31 de março de 1964, o Brasil mergulhou em um dos períodos mais sombrios de sua história: a ditadura militar. Naquela madrugada, o Exército depôs o presidente João Goulart, o Jango, sob a justificativa de proteger o país do “comunismo”. A ação, que contou com o apoio de setores conservadores da sociedade, ainda ecoa em eventos recentes como o impeachment de Dilma Rousseff em 2016 e os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Jango, conhecido por suas políticas sociais e tentativas de reformas, foi visto como uma ameaça pela elite. O contexto da Guerra Fria intensificou o medo do comunismo, usado como pretexto para a repressão. A ditadura que se seguiu marcou uma era de tortura, morte e censura, vitimando milhares de cidadãos que defendiam a democracia. Seus efeitos são sentidos até hoje, com inúmeros desaparecidos.
Mas por incrível que pareça, ainda há muitos saudosistas que volta e meia aparecem em grupos sectários e violentos, seja aqui no sul do Brasil ou em São Paulo.
O ex-presidente Jair Bolsonaro chegou a “comemorar” o golpe, fato criticado por inúmeras entidades. Enquanto deputado, chegou a homenagear ditador ao justificar seu voto a favor do impeachment de Dilma Rousseff, em 2016.
A influência militar no governo Bolsonaro, incluindo a pressão do ex-comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, sobre o STF, remete aos tempos da ditadura. Instituições como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), apontam para a semelhança nos ataques às instituições democráticas e aos direitos dos trabalhadores.
O legado da ditadura inclui uma grave crise econômica, com aumento da dívida externa, inflação e desigualdade social. Esses problemas ressurgiram e foram combatidos nos governos de Dilma e Lula.
Os ataques às instituições, como o STF e a Constituição, são outro exemplo da prática de manter viva a memória de um período que só valeu para alguns.
Em Joinville até escola trocou de nome
Uma das mais importantes escolas municipais, a Escola Padre Valente Simioni, localizada na rua Coronel Camacho, bairro Iririú, carregou durante muito tempo um nome alusivo a este período nebuloso brasileiro. Até a década de 1990, a instituição chamava-se “Escola Municipal de 1º Grau 31 de Março”, pois havia sido inaugurada em 1969, em plena ditadura.
Mas no início dos anos 90, o ex-prefeito Luiz Gomes assinou o Decreto nº 6454/90, que trocou o nome para Escola Municipal Padre Valente Simioni, em homenagem ao pároco da época, um dos estusiastas que ajudou a implantar a escola naquele local. A mudança de nome foi um pedido da própria comunidade, que não via mais necessidade de homenagear um período tão sombrio.
No entanto, Joinville ainda carrega muitos nomes que fazem alusão a este período: como o bairro Costa e Silva. Este foi em homenagem ao segundo presidente do regime militar, Artur da Costa e Silva. Em 2017 até chegou a ganhar corpo, na internet, um movimento para discutir a mudança do nome do bairro.