Ontem ocorreu na Câmara a posse dos vereadores e do prefeito. Surpreendeu durante o evento, a votação por unanimidade para reconduzir à presidência da casa, Diego Machado (PSD). A surpresa se dá pelo voto do PT e do PL.
A deliberação da executiva do PT em liberar a sua única vereadora eleita, Vanessa da Rosa, a votar em Diego Machado para o segundo mandato como presidente foi recebida com estranheza por vários integrantes do seu partido. Reclamam que a decisão não foi discutida internamente.
A última vez que isso aconteceu foi com Darci de Matos, em 2004. Afinal, Diego tem se mostrado uma extensão do prefeito Adriano Silva na CVJ.
Durante o seu último mandato, não foram poucas as vezes em que atacou o PT e o Sinsej (Sindicato dos Servidores Públicos de Joinville), defendendo abertamente a terceirização, ignorando a corrupção que há por trás desse projeto e tentando descredenciar a representação da diretoria do sindicato, que estava naquele espaço lutando pelas pautas da categoria. Que sentido há para o PT se aliar a Diego e Adriano?
O mais estranho é que o PT de Blumenau lançou Jean Volpato como candidato a presidente da Câmara blumenauense e, em Florianópolis, lançou Carla Ayres. Ambos são da mesma força interna do PT que a Vanessa, a CNB, e ganharam 2 votos.
O que se espera de um mandato do PT, pela sua história e programa, é um posicionamento radical contra as decisões abusivas contra o povo, seja na Câmara ou no governo do NOVO no município, que praticamente não terá oposição de novo.
Não podem escapar da crítica, os vereadores do PL, Wilian Tonezi, Cleiton Profeta, Brandel Junior e Instrutor Lucas. Será que vão compor com o prefeito? Não farão oposição? O que há por trás das cortinas nessa unanimidade a Diego?
Foi notória a oposição radical feita por Tonezi e Profeta na última legislatura, quando o PL rompeu com o prefeito no intuito de disputar a prefeitura com Sargento Lima. Na oposição, garantiram a reeleição de um como o mais votado e a eleição do outro.
A parte que não se sente representada, 124,324 eleitores, pela reeleição de Adriano espera que haja oposição contundente na Câmara. Reeleito com 78,69% dos votos válidos, o prefeito teve 29,87% do total de eleitores que não lhe deram o voto entre os brancos, nulos e as abstenções. Para o bem do jogo democrático, a oposição serve para denunciar, apontar erros e propor soluções. Sem oposição, o governante faz o que bem entende, se sente e age como um imperador.
Esta coluna também abriu espaço para que a vereadora Vanessa da Rosa pudesse expor as razões pelas quais votou em Diego Machado para permanecer na presidência da Câmara. Veja sua nota enviada na íntegra:
A vereadora Vanessa da Rosa, em sua participação na votação para a Mesa Diretora da Câmara de Vereadores de Joinville, exerceu seu direito de voto em conformidade com o processo de construção e aprovação da chapa única que foi apresentada. Composta por Diego Machado, Tânia Larson e Henrique Deckmann, essa chapa surgiu a partir de um processo de diálogo e consenso entre as diversas bancadas, visando garantir a estabilidade e o bom funcionamento da Câmara Municipal.
É fundamental destacar que o voto da vereadora Vanessa não implica apoio às políticas do vereador Diego Machado, reeleito presidente da Casa. As diferenças ideológicas entre Vanessa e Diego são amplamente conhecidas, e a escolha pela chapa para a presidência da Câmara não altera em nada essa postura. Em questões como a privatização do Hospital São José, por exemplo, enquanto Diego defende a gestão da unidade por uma Organização Social, Vanessa é e continuará sendo radicalmente contrária a essa medida e todo tipo de terceirização no serviço público.
Vanessa mantém, como sempre declarou, uma postura firme de oposição, sem abrir mão de seu posicionamento crítico ao atual governo municipal. Seu mandato será pautado na defesa dos servidores públicos, dos serviços essenciais e em sintonia com o governo federal do presidente Lula.
A decisão de apoiar a chapa única foi tomada em respeito à busca por unidade, que, embora não signifique alinhamento político, visa assegurar um ambiente de trabalho onde a vereadora possa representar adequadamente sua base eleitoral e garantir participação nas comissões, conforme os compromissos assumidos.
A vereadora segue fiel à sua independência política e ao compromisso com as pautas que considera essenciais para o bem-estar da cidade, sem ceder a alianças que possam comprometer sua atuação como voz ativa e crítica no legislativo.