🌷 E entre flores e farsas… Feliz Dia das Mães! 🌷
Neste segundo domingo de maio, a gente homenageia aquelas que, com amor, coragem e sabedoria, seguram no colo o que o Estado vive largando. Mães que enfrentam fila de hospital com criança no braço, que pegam dois ônibus pra garantir o sustento, que viram noites para dar conta de tudo — e ainda têm que aguentar político brincando de legislar.
Nesta edição da coluna Estamos de Olho, entre uma flor e uma farpa, falamos dos “legendários” sem noção da Câmara, do prédio caindo aos pedaços que virou presente de grego, do aumento de vagas na Câmara Federal com gosto de pizza fria, dos desvios no INSS com briga de surdos entre governo e oposição e do teatro do saneamento encenado pela Alesc — onde, no fim, sempre sobra o papel de bobo para o cidadão.
Porque ser mãe no Brasil já é um ato de resistência. E ser eleitor, então… é quase heroísmo.
Presente de Grego com Bomba Inclusa
A Prefeitura de Joinville recebeu recentemente um “presente” do Governo do Estado: o prédio centenário onde funcionava a tradicional Escola Conselheiro Mafra. Só esqueceram de avisar que o embrulho vinha com cupim, infiltração e risco de desabamento. E como todo bom presente de grego, coube ao prefeito — que também é bombeiro voluntário — resolver o problema com aquele jeitinho joinvilense de fazer do limão uma limonada… ou pelo menos tentar.
Num gesto que mistura corporativismo e simbolismo, o prefeito prontamente doou o prédio ao Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville — e agora a instituição, por sua vez, lança uma campanha para arrecadar doações da comunidade para reformar o imóvel. Ou seja: o Estado passa o mico para o Município, o Município entrega o pepino aos Bombeiros, e os Bombeiros… jogam a conta no colo do cidadão.
A pergunta que não quer calar é: se o prédio era um patrimônio do Estado, por que não foi repassado com um plano (e recursos) de recuperação? Se é tão importante para a história e função pública da cidade, por que ele virou um peso de concreto abandonado no centro? E, principalmente, até quando o joinvilense vai continuar pagando a conta da incompetência de quem deveria resolver?
No fim, o que sobra é o velho jogo de empurra: o Estado lava as mãos, o Município terceiriza o problema, a instituição tenta o milagre — e o cidadão, esse, mais uma vez, é quem bota a mão no bolso.
Dia do Legendário: Câmara Municipal ou Estúdio da Marvel?
Enquanto a cidade de Joinville afunda em buracos, filas de saúde intermináveis e transporte público de dar pena, o nobre vereador Adilson Girardi (MDB) decidiu usar sua criatividade parlamentar para propor… o Dia do Legendário. Não, não é um festival de RPG, nem a estreia de um filme da Marvel. Trata-se de uma homenagem oficial a um movimento evangélico masculino que promete resgatar a “forma mais primitiva do homem”. Sim, você leu certo: primitiva.
Segundo o autor da proeza legislativa, os tais “Legendários” seriam uma elite espiritual disposta a reviver um arquétipo viril e bíblico da masculinidade — como se isso fosse resolver algum dos problemas reais da cidade. Mas ao que parece, quando falta projeto sério, sobra tempo para esse tipo de invenção com certificado e tudo.
Enquanto isso, os verdadeiros legendários de Joinville — o povo trabalhador que paga imposto e leva tapa na cara do sistema público — assistem bestializados à cena: vereadores transformando a tribuna em palco de autoajuda testosterônica, pagos com dinheiro público para brincar de “Dia do Homem das Cavernas”.
Talvez fosse mais honesto criar o Dia do Faz-de-Conta, comemorado em todas as sessões em que se confunde legislatura com entretenimento de culto ou reunião de coaching.
Joinville merece mais. Mas a Câmara parece satisfeita em oferecer menos.
🎤 Vem aí: os “Melhores do Ano” — segundo o povo (e não só os de sempre)
A coluna Estamos de Olho (do site Chuville), o Podcast Dialogar para Avançar e o Instituto DNA Pesquisas estão preparando uma pequena revolução silenciosa para novembro de 2025: o evento Melhores do Ano. Nada de tapete vermelho para os figurões de sempre ou premiação comprada a pão de queijo e assessoria de imprensa. A ideia é simples (e ousada): deixar que os internautas escolham os nomes que realmente fizeram a diferença no cenário político, empresarial, social e cultural.
A coleta de dados será feita entre agosto e outubro, com pesquisas exclusivamente online — porque, se é pra premiar em nome do povo, que o povo tenha voz desde o início. O Instituto DNA Pesquisas será o responsável pela metodologia e apuração. E, para coroar a iniciativa, um jantar por adesão em novembro marcará a entrega dos reconhecimentos. Sem pompa desnecessária, mas com o sabor da escolha democrática.
Ainda sem data fechada, o evento nasce da vontade de destacar quem faz, e não só quem aparece. Porque o protagonismo, assim como a responsabilidade, precisa mudar de mãos. E, cá entre nós, alguém precisa premiar quem não está só brincando de servir ao público.
📚 “Bônus com gosto de castigo” – Educação nota 10, mas com punição no rodapé
Joinville, essa cidade tão “moderna” na gestão pública, inovou mais uma vez. Criou, com pompa e circunstância, a Lei Ordinária nº 9.214 de 2022, que institui o tal “Programa de Valorização por Resultados na Aprendizagem”. A ideia era linda: premiar os profissionais da educação conforme os resultados dos alunos e o desempenho das escolas. Palmas! 👏
Só esqueceram de avisar que, na prática, a bonificação virou uma espécie de roleta russa moral. Professores e demais servidores da rede municipal cumpriram os critérios, atingiram as metas, ralaram como nunca… Mas aí veio o detalhe que estragou a festa: quem pegou atestado médico foi penalizado e ficou sem a gratificação.
Sim, você não leu errado. Tirou atestado? Mesmo com laudo, receita, repouso e tudo mais? Esqueça o bônus. Saúde virou pecado capital no manual da prefeitura.
Vale lembrar que o direito ao atestado médico é constitucional. Mas, em Joinville, parece que o respeito à Constituição não garante reconhecimento — garante é desconto. Ou seja: o professor que adoece, além de não ter substituto, ainda é tratado como alguém que atrapalha os números da gestão.
Fica a pergunta: é bônus por mérito ou punição por adoecer? Porque nessa lógica, quem sobreviver ao estresse e ao giz engolido ganha o troféu “Herói Municipal do Descaso Educacional”.
E como sempre… Estamos de Olho.
🎉 EBA! A lenda está de volta! Viva os 30 anos da METRO Night Club! 🪩
Prepare o brilho, o batom roxo, o jeans surrado e o melhor do perfume Drakkar Noir — porque na sexta-feira, 07 de junho, a saudade vai dançar solta na pista!
Em um cenário mágico, na linda e charmosa Bless, na zona sul de Joinville, acontece uma celebração histórica: 30 anos da METRO Night Club, o templo da noite joinvilense nos anos 90, que marcou gerações com sua batida eletrizante, sua vibe libertária e um público que sabia mesmo se divertir!
A festa promete ser nostálgica, vibrante e cheia de emoção. Com direito a personagens e elementos originais dos tempos dourados, essa homenagem é mais que uma balada — é um reencontro com a nossa própria história noturna.
Não é qualquer data. Três décadas depois, quem viveu sabe: a METRO foi muito mais do que uma casa noturna, foi uma experiência de liberdade, ousadia e juventude que moldou a cena cultural de Joinville.
Vai ter música boa, vai ter gente linda e vai ter alma pulsando! 💃🕺
Porque a noite nunca morre, ela apenas renasce em grande estilo.
METRO 30 ANOS – Bless – 07/06
Apenas venha.
Nos vemos na pista. 🌟
Velhinhos no SPC, Narrativas no TikTok
O novo ringue do momento em Brasília atende pelo nome de INSS. De um lado, o governo tenta colar a narrativa de que os escândalos de fraudes e pagamentos indevidos são “herança maldita” da gestão anterior — com direito a PowerPoint emocional e promessa de faxina. Do outro, a oposição grita “corrupção!”, finge espanto e já trata o tema como o novo mensalão do século, exigindo CPI, CPMI, CPQ… qualquer sigla que gere manchete.
Enquanto o duelo de narrativas rende cliques, hashtags e debates intermináveis na GloboNews e nas rádios de direita, quem realmente sente o golpe são os aposentados, pensionistas e idosos em geral — que enfrentam filas, revisões sem fim, e ainda veem seus parcos benefícios sendo usados como massa de manobra num jogo político que mais parece novela mexicana: cheio de vilões, sem mocinhos e com capítulos cada vez mais cansativos.
A verdade é uma só: enquanto governo e oposição duelam pelo controle da pauta, ninguém bota a mão na lama de verdade. Não há plano claro de reestruturação, investimento em inteligência, nem digitalização efetiva. O INSS continua um trator velho, enferrujado, atolado até o eixo — e o povão segue sendo passado pra trás. Ou, como diria o aposentado que só queria comprar um remédio: “eles discutem, eu desconto.”
Mais Cadeira, Mesma Farra
A Câmara Federal, sempre criativa quando o assunto é proteger os próprios interesses, deu um jeitinho brasileiro de burlar a decisão do STF e, com um belo empurrão no regimento, aprovou o aumento de 18 vagas de deputados federais. Quatro dessas vão para Santa Catarina — o que, convenhamos, faz justiça à sub-representação de um dos estados que mais arrecadam e menos mandam no Congresso.
Agora, sejamos justos: somos sim a favor do aumento de cadeiras. Vivemos num regime de representatividade proporcional e, nesse aspecto, o Brasil estava atrasado desde a década passada. Santa Catarina ter o mesmo número de deputados que o Rio de Janeiro (com metade da população) é uma distorção gritante. Mais vozes catarinenses em Brasília? Que venham.
O problema é outro: o aumento da representatividade veio embalado no velho presente de grego — o aumento de gastos. Nenhuma linha sobre corte de privilégios, contenção de verba, ou redimensionamento de estruturas. Só aumento. Como se cada novo deputado não trouxesse uma comitiva, uma sala refrigerada, cargos comissionados, verba de gabinete, auxílio disso e daquilo. Representatividade, sim. Mamata, não.
O Brasil precisa de mais cadeiras — mas, sobretudo, de menos poltronas de luxo pagas com o suor do povo. O povo até quer mais vozes em Brasília. O que ele não quer é mais conta no fim do mês.
Privada Cheia, Governo Ausente
Depois de dois projetos do governo Jorginho Mello (PL) que não passaram nem no teste do sifão — um tratando Santa Catarina como uma microrregião monolítica e outro dividindo o Estado como pizza fria de reunião —, a Assembleia Legislativa resolveu puxar a descarga por conta própria e apresentar sua própria versão do Marco Legal do Saneamento.
Os deputados Matheus Cadorin (NOVO), Napoleão Bernardes (PSD) e Rodrigo Minotto (PDT) lançaram um projeto que, segundo eles, garante autonomia aos municípios, reduz custos e, pasmem, pensa em dignidade. Como se dignidade já não tivesse sido jogada no esgoto há muito tempo em boa parte do Estado.
O novo modelo divide o Estado pelas 11 bacias hidrográficas e permite consórcios entre municípios pequenos — desde que juntos somem pelo menos 40 mil almas e estejam molhados pela mesma bacia. Para os maiores municípios, o texto prevê uma “rescisão amigável” com a Casan. Algo como: “te pago pra sair e não fazer barraco”.
No fim das contas, os deputados posam de heróis do saneamento enquanto o governo estadual, no terceiro ano de mandato, ainda está tentando entender onde é o cano de entrada. E como diz Napoleão (o deputado, não o francês): “Nesse vácuo, cabe à Assembleia tomar o protagonismo.” Vácuo, aliás, é o que mais tem nesse sistema: de liderança, de planejamento e, claro, de coleta e tratamento.
Mais Cadeiras, Mais Vozes?
Com o aumento do número de deputados federais decidido pela Câmara e a consequente redistribuição de vagas, a Assembleia Legislativa de Santa Catarina já se prepara para ganhar quatro novas cadeiras. Trata-se de um movimento automático, baseado na proporcionalidade da população — e, nesse sentido, nada mais natural que o maior estado do Sul tenha maior representação.
O mesmo princípio, aliás, deve em breve alcançar as Câmaras Municipais — e Joinville, como a maior cidade do estado, não escapará da discussão. A pergunta que se impõe, no entanto, vai além da matemática demográfica: mais cadeiras significam, de fato, mais representatividade? Ou apenas mais custos e um debate ainda mais diluído?
Em tese, ampliar o número de vereadores é reconhecer o crescimento da cidade e a necessidade de uma representação política mais diversa. Na prática, porém, a população olha com desconfiança para qualquer sinal de ampliação de estruturas públicas — ainda mais num país onde o “aumento” quase nunca vem acompanhado de “eficiência”, “transparência” ou “resultado”.
O desafio está lançado: quando a Câmara de Joinville trouxer o tema à tona — e cedo ou tarde isso virá — será preciso muito mais do que justificar com base em números. Será necessário convencer a sociedade de que mais cadeiras significam mais compromisso com o interesse coletivo, e não apenas mais espaço para a política do mesmo.