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EDITORIAL: Redução da jornada de trabalho sem redução de salário – um longo caminho pela frente

Proposta avança no Congresso Nacional, mas enfrenta oposição de entidades empresariais pelo Brasil afora, inclusive em Joinville.

Redação, Portal Chuville

25 janeiro 2024

editado em 25 janeiro 2024

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Está avançando no Congresso Nacional o Projeto de Lei 1105/23, que propõe a redução da jornada de trabalho semanal sem redução de salário. A proposta de emenda à legislação trabalhista brasileira não é novidade, vem sendo discutida desde 1995, mas agora tem avançado no Senado e logo deverá ser debatida também na Câmara dos Deputados.

A proposta tem algumas regras, limitando por exemplo, a quantidade de horas semanais em 40, reduzindo anualmente até chegar a 36. Hoje o limite é 44.

Alguns países, como Nova Zelândia, Holanda, Bélgica, Dinamarca e Alemanha já aplicam esta prática. Outros como Espanha, Reino Unido, França, Portugal e Japão estão em fase de debates para sua implantação. No Brasil, além da discussão em Brasília, algumas empresas já começaram a ensaiar a redução da jornada de trabalho sem perda salarial por conta própria.

A Vockan, empresa de tecnologia sediada em São Paulo e com 100 funcionários, já adotou a jornada de apenas 4 dias semanais sem perda salarial. No começo do ano passado, filiou-se à Day Week Global, organização neozelandesa sem fins lucrativos, que realiza este tipo de teste com empresas do mundo todo. Segundo o CEO da Vockan, Evanil Paula, após apenas cinco meses de implantação do novo formato, índices como gestão do tempo, saúde física, mental e a produtividade só aumentaram, o que justificaria o processo. Além disso, houve alta retenção de talentos.

Porém a ACIJ (Associação Empresarial de Joinville) não enxerga a proposta com bons olhos. Ao menos foi o que sinalizou com um ofício, enviado aos senadores catarinenses e ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD) nesta semana. A entidade pede a derrubada do projeto, argumentando que a redução da jornada de trabalho já é prevista na CLT atual. Porém a legislação vigente prevê a redução salarial proporcional. Segundo ofício, a ACIJ quer discutir a proposta, considerando contrapartida do governo federal, já que não haveria redução salarial.

A ACIJ não está sozinha nesta posição. Outras entidades empresariais, como a Firjan, do Rio de Janeiro, também tentam frear a discussão.

Assim, um longo caminho terá de ser percorrido ainda. Tal como foi a abolição da escravatura, a criação das leis trabalhistas e até mesmo direitos civis, como o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a redução da jornada de trabalho sem perda salarial enfrenta duras oposições que, em algum momento, terão de ser superadas. Uma equalização terá de ser enfrentada, onde a antiga lógica do “ganha-ganha” e “perde-perde” terá de ser repensada.

Não se trata de inverter a pirâmide, mas sim enxergar ganhos não somente financeiros frente às mudanças crescentes que o mundo está enfrentando. A proposta precisa ser melhor discutida sim, mas com o olhar lá na frente, não apenas para o umbigo imediatista.

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