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EDITORIAL: “O Preço do Progresso” escracha um crime ambiental que perdura há quase 90 anos

Documentário joinvilense, financiado pelo Mecenato do Simdec, mostra a história do fechamento do Canal do Linguado, que há quase 90 anos tem prejudicado a fauna, flora e até a vida dos pescadores da região

Redação, Portal Chuville

20 janeiro 2024

editado em 20 janeiro 2024

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Foto Divulgação

Durante os 75 minutos de exibição do documentário “O Preço do Progresso”, o espectador é invadido por uma série de sentimentos, desde o desconforto, passando pela indignação e encantamento. O encantamento fica pelas belísimas imagens aéreas captadas da Baía da Babitonga, a qual banha Joinville, Balneário Barra do Sul, Garuva, Araquari e São Chico. Desconforto por ver histórias reais de pescadores, famílias inteiras e comunidades quilombolas, que têm sofrido com a crescente redução da vida marinha, sua principal fonte de renda. E indignação porque em nome do progresso, o poder público passou por cima de tudo, não prestou atenção ao crime ambiental e seus consequentes danos, que perduram até hoje.

O documentário, que esteve em exibição prioritária nesta semana, é dirigido por Maicon Aloncio e apresentado pelo historiador Rodrigo Lucas Pereira. Os recursos captados pelo Mecenato do Simdec, em 2022, permitiram contar uma história que impacta não só a região de Joinville, mas todo o Brasil e o mundo. Estamos vivendo um momento onde eventos climáticos já são irreversíveis. Em nome do lucro, a “patrola econômica” passou por cima de muitos limites, que servem para preservar o meio ambiente às gerações futuras.

O Canal do Linguado, ligação da Baía da Babitonga entre a parte norte-sul, foi fechado em 1935 por meio de decreto emitido pelo então presidente Getúlio Vargas, que só queria uma coisa: fazer o Brasil “funcionar”. Afinal era preciso escoar a produção de Joinville para o porto de São Francisco do Sul. Como havia um grande curso d’água no caminho, a opção escolhida foi o fechamento total, mesmo sob protestos da época. O preço, como o nome do documentário sugere, pode ser visto até hoje: assoreamento, redução da vida marinha, comunidade pesqueira do entorno perdendo renda. E segundo especialistas, o problema vai piorar se nada for feito.

O fio de esperança vem de novos estudos e pela insistência do Poder Judiciário, que tem optado pelo caminho mais longo, porém efetivo. Até setembro deste ano devem ser finalizados mais estudos sobre as opções de abertura ou não do Canal do Linguado. Quais os impactos positivos e negativos de sua reabertura ou manutenção do fechamento. Após esta fase, a discussão deverá ser judicializada porque a nova ordem do progresso está chegando: a duplicação da BR 280, que liga Jaraguá do Sul a São Francisco do Sul.

Até a duplicação chegar ao Canal do Linguado, espera-se que o poder público tenha um direcionamento (que sairá mais caro, fatalmente) para a reabertura parcial deste importante ecossistema, considerado um dos maiores manguezais do mundo, berçário de diversas espécies de peixes e crustáceos.

A próxima vez que você comer um peixinho ou caranguejo, lembre-se que antes de chegar à sua mesa, ele provavelmente se reproduziu na Baía da Babitonga e foi pescado por comunidades muito antigas, que preservam uma linda cultura, ameaçada de extinção por este fechamento do Canal.

“O Preço do Progresso” deverá ser lançado para a imprensa em fevereiro e novas exibições para a comunidade serão divulgadas. Os produtores também estão negociando com as plataformas Netflix e Prime Vídeo. Vale a pena assistir e lutar pela causa!

Respostas de 2

  1. Bom dia, é Lamentável ver esse maior crime ambiental, eu sou uma pessoa e quero brigar ate a minha morte para abri esse canal do linguado, moro de funda para a Lagoa e Balneário Barra do Sul e vejo O que ocorre diariamente dento dessa Canal, Infelizmente tem um monte de IGUINORANTES que Não fazem nada e so atrapalha a vida do nosso Canal do Linguado

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