Superando dores e dificuldades, pacientes que estão em tratamento contra câncer (oncológicos), fizeram protesto em frente ao Hospital Municipal São José no fim da tarde desta segunda-feira (18). Com cartazes e faixas nas mãos, apenas clamaram por suas vidas, afinal dez medicamentos considerados primordiais para a manutenção do tratamento estão em falta. Segundo eles, a última dose que tomaram foi em janeiro, portanto dois meses.
Dentre os riscos por não tomar a medicação indicada a cada 20 dias, está a metástase, quando o câncer se espalha para demais regiões do corpo, tornando-se irreversível em alguns casos.
Veja a lista faltante:
- CARBOPLATINA 150mg/15ml;
- CICLOFOSFAMIDA 50mg;
- CISPLATINA 50mg;
- DESTILBENOL (DIETILESTILBESTROL) 1mg;
- EPIRRUBICINA 50mg;
- INTERFERON 10 milhões alfa 2b;
- MITOXANTRONA 2mg/ml (10ml);
- CAPECITABINA 500mg;
- LETROZOL 2,5mg;
- ASPARAGINASE 10.000 UI/10ml.
Cleusa Schmitz está em tratamento contra um câncer que já atingiu os ossos há 15 anos. Segundo ela, foi preciso entrar na justiça para realizar os exames que deram o diagnóstico correto da doença, além de judicialmente ter garantido o tratamento inicial. Porém o problema é coletivo, mais pessoas também precisam e, muitas vezes, não podem ter este recurso.
“Falam pra gente que a falta é problema com licitação e que tem parceria com um hospital de Curitiba, mas é mentira. Eles dão apenas uma medicação e nos mandam de volta para o São José. Estamos aqui porque o problema não é só meu, é de todos que lutam pela vida”, conta Cleusa.
Ela se refere a uma parceria que, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, existe com o Hospital Erasto Gaertner, especializado em oncologia.
Procurada pelo Chuville Notícias, a Secretaria de Saúde confirmou a “dificuldade” em manter dez medicamentos quimioterápicos, mas que os mesmos são ofertados por meio de um convênio com o hospital de Curitiba. O restante seria fornecido pelos governos federal e estadual.
Reunião na Câmara de Vereadores já evidenciou o problema
Na última quarta-feira (13), alguns pacientes oncológicos, além da direção do Hospital São José e representantes do Ministério Público, estiveram na reunião da Comissão de Saúde. Um dos médicos presente, Luiz Fernando Cicogna, chegou a contar que remédios básicos também faltam, como por exemplo, Dipirona.
Uma planilha foi apresentada mostrando a lista faltante de remédios, que estariam em processo licitatório, porém em muitos casos, o certame não avança por questões burocráticas.
Sindicato alerta que prefeitura pretende terceirizar setor do São José
Em dezembro do ano passado, em um outro protesto em frente ao famoso “Zequinha”, o Sinsej (Sindicato dos Servidores Públicos de Joinville) alertou que a terceirização de setores do principal hospital público da cidade está sendo organizada pela atual gestão do prefeito Adriano Silva (Novo).
“Hoje, o Hospital Municipal São José é referência nacional em diversos setores de atendimento, como o de oncologia, que está na mira da terceirização. Nós não podemos permitir que o prefeito Adriano avance nessa política nefasta de precarização do serviço público na cidade de Joinville”, disse a presidente do Sindicato, Jane Becker.