Vereadores propõem mudanças no Simdec por motivos políticos, mas produtores culturais são contra
Por Leandro Ferreira | Editor da Newsletter Guará Jornalismo e colunista político aqui no Chuville!
O debate político da próxima semana em Joinville está pautado em torno da liberdade de expressão, do legítimo direito dos produtores culturais dessa cidade em decidir e pensar sobre o que é melhor para o setor. Uma audiência pública está marcada para segunda-feira, 23, às 19h30 na Câmara de Vereadores para discutir o Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura – o Simdec.
Mas por que essa discussão está marcada para a Câmara – e não em qualquer outro espaço cultural de Joinville? É porque a iniciativa de mudar o Simdec partiu dos vereadores – não por demanda do setor cultural, mas sim porque ficaram irritados com um curta-metragem produzido com recurso do Simdec em 2022.
O curta tem 20 minutos de duração, é do gênero de suspense/terror, tendo como contexto a pandemia e a ascensão do fascismo na região Sul do Brasil. A obra foi alvo de ataques políticos – que partiram do setor da direita conservadora na cidade. Isso obrigou a direção do filme a retirar da internet a produção – prejudicando os produtores.
O troco no Simdec
Como forma de dar uma resposta aos seus eleitores, dois projetos para alterar o Simdec foram propostos na Câmara de Vereadores – um deles elaborado por vereadores do Partido Novo e outro pelo vereador Cleiton Profeta (PL).
O projeto com maior intervenção é o do partido Novo – ele propõe mudanças para intervir no que pode ser produzido, no conteúdo das produções que serão viabilizadas pelo Simdec.
É algo desproposital – que foi rechaçado ontem pela Comissão especializada no tema – do Conselho Municipal de Política Cultural. A Comissão recomendou que os dois projetos sejam arquivados.
Em tempo, se algum aperfeiçoamento precisa ser feito no Simdec – essa demanda, esse pleito, deve surgir do setor cultural. São os artistas, os produtores, que vivem disso – que se desdobram para transformar o orçamento público, que é insuficiente, em produções que façam o joinvilense pensar, evoluir, refletir – é para isso que a cultura existe.
Agenda
Mesmo com o parecer da Comissão pelo arquivamento, o assunto vai seguir na pauta da Câmara – com duas audiências marcadas. Além dessa segunda-feira, outra também já está agendada para o dia 30 de outubro – no âmbito da comissão de educação.