Cerca de 50 pessoas se reuniram, na tarde desta quarta-feira (20), no Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de Joinville e Região, para definir estratégias de combate ao que chamam de “caos na saúde de Joinville”. Estavam presentes representantes de sindicatos como o do Comércio, dos Correios, dos Servidores Públicos de Joinville, dos trabalhadores da área Têxtil, dos Metalúrgicos, Sinte estadual, além de partidos como PDT, PSOL, PT, PC do B, Rede Sustentabilidade, PV e PSB. Todos fazem parte do Comitê em Defesa do Serviço Público de Joinville.
O grupo apontou como “grave” a situação da saúde pública da maior cidade catarinense. As UPA’s, hospitais e Unidades Básicas de Saúde lotadas por casos de Dengue e Covid-19 são exemplos, afinal faltam trabalhadores para dar conta do recado e os que estão na linha de frente estão sobrecarregados, ficando igualmente doentes.
Joinville não registrava mortes por Dengue até 2020. A partir de 2021, ano após ano o número de óbitos pela doença cresceu: 2021 (5), 2022 (19), 2023 (39) e 2024 (13 até agora). Dentre as razões para este número alarmante está a falta de cuidados adequados por parte da atual gestão da prefeitura, coincidentemente nas mãos do prefeito Adriano Silva (Novo) desde 2021. O número insuficiente de Agentes de Endemias (ideal em torno de 300, mas a cidade conta com pouco mais de 100) e o foco em campanhas superficiais são apontados como erros graves.
Além da Dengue, a Covid-19 tem voltado a assustar, lotando as unidades de saúde, que também carecem de testes rápidos, embora a prefeitura tenha alegado normalidade no fornecimento. “Desobrigar os pais a vacinarem seus filhos por causa da matrícula escolar foi um erro fatal para uma gestão, afinal ainda tem muita gente que não acredita na eficácia da vacina”, alertou Antônia Grigol, enfermeira, ex-secretária de Saúde de Joinville e atualmente presidente do Partido dos Trabalhadores.
Ela ainda trouxe outro dado alarmante: apenas 1% das crianças joinvilenses com idade entre seis meses a dois anos foram vacinadas contra Covid-19 em janeiro deste ano. “Nossas crianças estão desprotegidas”, pontua ela.
Ato está sendo programado para o próximo dia 28
Na próxima quinta-feira (28), véspera da chamada semana santa, o grupo está programando um ato público em frente à prefeitura de Joinville. A mobilização deverá começar na parte da tarde, com cruzes espalhadas pelo jardim da prefeitura, simbolizando as mortes que a cidade já contabilizou por conta da Dengue. A intenção é trazer as pessoas à reflexão de que a atual gestão municipal tem faltado em várias frentes, principalmente quando pretende terceirizar UPA’s ou o Hospital São José, como já ocorreu.
Além disso, estão sendo mobilizados o Conselho Municipal de Saúde e a Promotoria Pública da Comarca de Joinville. Outra estratégia é convidar o Exército para completar o quadro faltante de Agentes de Endemias, algo parecido com o que a prefeitura de Porto Alegre fez e que tem dado bons resultados por lá (redução de 15% nos casos, segundo índices locais).
“Queremos mostrar a todos que, enquanto a prefeitura faz marketing dizendo que está tudo bem, as pessoas estão morrendo, lotando unidades de saúde. Nossos servidores estão sobrecarregados porque falta gente pra trabalhar e, ainda por cima, recebem reajuste salarial abaixo da inflação”, considera Jane Becker, presidente do Sinsej (Sindicato dos Servidores Públicos de Joinville).