Participar de eventos em Joinville tem sido uma tarefa difícil. Pelo menos é o que garante os ambulantes integrantes da Avajo – a Associação dos Vendedores Ambulantes de Joinville. Eles argumentam que precisam pagar taxas altas, além de uma porcentagem em cima do que faturarem no dia. Segundo o presidente da Avajo, Jonathan Figuerôa, os organizadores costumam tratar os ambulantes como uma empresa, com vários funcionários e bom faturamento, quando na verdade o lucro líquido após um evento costuma ser baixo para tanto trabalho.
“Essas taxas são surreais, precisamos trabalhar muito, às vezes sozinhos, para ganhar um lucro pequeno. Imagina ter que pagar mais de mil reais e uma parte do que formos vender?”, questiona Jonathan.
A segunda edição da Festa Junina, que está sendo organizada para acontecer em praça pública entre os dias 14 e 16 de junho, está com impasse entre a empresa organizadora, a TS Eventos, e os ambulantes. De acordo com a diretora da TS Eventos, Talita Silva, na semana passada houve uma reunião com a Associação, onde ela teria explicado todos os custos do evento, que passariam de R$ 100 mil e teria havido um aceite entre os representantes dos ambulantes de que sem a divisão das despesas não haveria evento. “Só de imposto e custo com ambulância, cadeiras e toda a infraestrutura eu já fico devendo R$ 100 mil, então eles não são obrigados a participar, mas se forem, pensamos em união e parceria. É claro que se a prefeitura reduzisse a conta, daria para melhor negociar com os ambulantes”, argumenta.
Para Jonathan, a TS Eventos também atuou nos eventos natalinos do ano passado e, na época, também foram cobradas altas taxas e porcentagem sobre faturamento. “Nós concordamos que existem despesas, mas como querem colocar os ambulantes cobrando quase dois mil reais, além de uma porcentagem em cima do que a gente vender? Fica difícil, iremos trabalhar pra eles”, conclui.
As ações de natal são coordenadas pelo Instituto Natal Joinville, criado em 2022 pela prefeitura de maneira mista com iniciativa privada. A TS Eventos ficou responsável pela parte comercial do evento na última edição.
Responsabilidade é dos produtores de eventos, diz prefeitura
Em resposta ao Chuville Notícias, a prefeitura de Joinville disse que não negocia valores, porque isto é uma responsabilidade do produtor do evento. E reforça que qualquer cidadão ou empresa que queira promover evento, deve procurar o site da prefeitura e iniciar os trâmites de licenciamento e alvará.
Avarás e licenças, outro entrave para os ambulantes
Nesta quarta-feira (27) os ambulantes tiveram seus trabalhos interrompidos por fiscais da prefeitura sob o argumento de que a categoria não está com alvarás e licenças em dia. Por outro lado, o presidente da Avajo, Jonathan Figuerôa, afirma que todo o processo de regularização foi iniciado em janeiro deste ano, e de lá para cá a Sama (Secretaria de Meio Ambiente) tem dificultado o trabalho dos ambulantes.
“Entregamos os documentos, mas sempre falta alguma coisa, o processo é devolvido, e nunca nos deixam legalizar, assim fica difícil trabalhar. Além disso, nós não trabalhamos apenas com artesanato, temos um trabalho diverso e essa diversidade deve ter em cada evento”, explica.
Sobre este assunto, a assessoria de imprensa da prefeitura de Joinville afirma que o processo de concessão de alvarás “segue um fluxo” e que não há distinção de atividade.
Na tarde desta quinta-feira (28), o secretário da Sama, Fábio Jovita recebeu a associação de ambulantes para tentar resolver o impasse. Segundo Jonathan da Avajo, uma resolução ficou de ser apresentada até a próxima sexta-feira (5/04). Outros ambulantes que iniciaram seus processos em 2013, tiveram seus alvarás concedidos hoje mesmo.
