Uma promessa que se arrasta, uma negociação que vira impasse e a paciência dos trabalhadores da saúde de Santa Catarina que chega ao limite. A folha de pagamento de maio fechou sem a tão aguardada primeira parcela do reajuste salarial, fruto de um acordo de reposição inflacionária entre o Sindicato dos Trabalhadores em Saúde (SindSaúde) e o governo de Jorginho Mello (PL). O motivo? O atraso na apresentação do Projeto de Lei na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), fato que o sindicato chamou de falta de vontade política da atual administração.
Em Joinville, os trabalhadores da saúde estadual atuam em grande parte no Hospital Regional Hans Dieter Schmitd e Maternidade Darcy Vargas.
Promessas não cumpridas e cobranças constantes
Desde o final de abril, o SindSaúde tem intensificado a pressão sobre as Secretarias da Saúde e da Administração, cobrando diariamente o envio do PL ou, como alternativa, uma Medida Provisória. A urgência era clara: garantir que o reajuste, uma garantia legal que há anos não era cumprida, chegasse à folha de pagamento de maio. No entanto, o prazo foi perdido, e a responsabilidade tem sido jogada de um lado para o outro.
O Secretário da Saúde, Diogo Demarchi, aponta o dedo para o Secretário da Administração, Vânio Boing. Por sua vez, a Secretaria de Administração justificou o atraso pela recente viagem do governador Jorginho Mello aos Estados Unidos. Uma “dança das cadeiras” que, na prática, apenas reforça a percepção de falta de respeito do governo para com os profissionais da saúde catarinense.
Reajuste em Duas Etapas e Aumento da Gratificação
Por meio de nota enviada pela assessoria do governo do estado ao Chuville Notícias, a Secretaria de Estado da Saúde informou que somente na última segunda-feira (19) foi protocolado o Projeto de Lei que prevê o reajuste acordado com a categoria. O rito seguirá sem prazo certo junto à Alesc, mas tão logo seja aprovada pelos deputados, o pagamento será feito retroativamente a maio.
O acordo em questão, amplamente debatido e aprovado pelos trabalhadores em assembleia no dia 23 de abril, prevê um reajuste linear de 9% para todos os servidores da rede estadual de Saúde, pago em duas parcelas: a primeira em maio e a segunda em dezembro. Além disso, a gratificação de desempenho seria elevada de 70% para 80% já em maio, e de 80% para 90% em dezembro. Para a categoria médica, além do aumento linear, está em curso a revisão do pagamento por produtividade, com implementação prevista para 2025.