O ex-ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT), não faz mais parte do conselho da metalúrgica Tupy.
Tanto Lupi quanto Anielle Franco, que também integrava o colegiado, não foram escolhidos pelo BNDES para serem reconduzidos aos cargos após o término dos mandatos de ambos, no fim de abril.
Uma Assembleia Geral Ordinária foi realizada na última quarta-feira, dia 30, para que os acionistas votassem em novos integrantes para o conselho de administração, de acordo com informações da Folha de SP.
O BNDES, por ser um dos maiores acionistas, tem a prerrogativa de realizar indicações e nomeou Vinicius Marques de Carvalho, ministro da Controladoria-Geral da União (CGU). A instituição aguarda ainda a indicação de outros dois nomes, a ser feita pelo governo federal — controlador do banco de fomento — já que Lupi e Anielle ficaram de fora.
Tanto Lupi quanto Anielle foram indicados pelo BNDES em 2023. Ambos recebiam um salário mensal de R$ 36.115 para integrarem o conselho. Em caso de participação em comitês internos, cada um podia receber até R$ 51.114 por mês.
Carlos Lupi enfrenta uma investigação relacionada ao escândalo de fraudes no INSS, ocorridas durante sua gestão no Ministério da Previdência — pasta responsável pelo órgão — o que levou ao seu pedido de demissão na última sexta-feira, dia 2.
Entenda o caso da fraude do INSS
A Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagraram na quarta-feira (23) a “Operação Sem Desconto”, que apura um esquema de fraudes no INSS com prejuízo estimado em R$ 6,3 bilhões desde 2019 (ainda na gestão do governo Bolsonaro).
O esquema envolvia cobranças indevidas feitas por associações e sindicatos diretamente nos benefícios de aposentados e pensionistas, sob a justificativa de oferecer supostos benefícios como assistência jurídica, descontos em academias e planos de saúde — a maioria nunca entregue.
A operação resultou na exoneração imediata do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, após pedido da PF e pressão do Palácio do Planalto. Stefanutto, filiado ao PDT, havia sido indicado ao cargo pelo ex-ministro da Previdência, Carlos Lupi, também do PDT, e integrava o grupo de transição do governo Lula na área da Previdência.
Além de Stefanutto, cinco outros servidores foram afastados, incluindo quatro com cargos estratégicos no INSS e um policial federal. Durante as investigações, a PF cumpriu 211 mandados de busca e apreensão em 14 estados, apreendendo carros de luxo como Ferrari e Rolls-Royce, joias, dinheiro vivo e obras de arte — bens que somam mais de R$ 1 bilhão.
Auditorias feitas em 2023 com 29 entidades conveniadas ao INSS mostraram que 98% dos aposentados não haviam autorizado os descontos, e muitos sequer sabiam da existência dessas cobranças, que variavam entre R$ 30 e R$ 50 por mês. Além disso, 72% das entidades não apresentaram a documentação exigida pelo INSS e usaram assinaturas falsas para efetuar os débitos.
Entre as 11 entidades inicialmente investigadas está o Sindicato Nacional dos Aposentados (Sindnapi), cujo vice-presidente é Frei Chico, irmão do presidente Lula — o que acendeu um alerta dentro do governo e do PT. A cúpula do partido teme que a investigação tenha novos desdobramentos.
Os investigados podem responder por crimes como corrupção ativa e passiva, falsificação de documentos, violação de sigilo funcional, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A oposição já articula a criação de uma CPI no Congresso para aprofundar a apuração. O governo federal afirmou que pretende ressarcir os beneficiários prejudicados utilizando parte dos bens apreendidos na operação.