Moradores da Comunidade Nova Esperança, no bairro Adhemar Garcia, em Joinville, denunciam ações policiais violentas e a ausência de serviços públicos básicos. O relato ocorreu durante uma visita de Vanessa da Rosa, vereadora do PT, à comunidade.
A região, ocupada há décadas por famílias trabalhadoras, enfrenta também a insegurança quanto à posse das moradias e a truculência policial nas abordagens.
Um dos episódios mais graves ocorreu no início de março, quando o fornecimento de energia elétrica foi cortado por dois dias. A interrupção afetou crianças, idosos e pessoas com deficiência — inclusive acamadas — em meio a um período de forte calor.
“Nos humilham como pessoas, como mães de família, acham que aqui ninguém presta”, disse Cristina Vaz de Oliveira, liderança local. “Não somos bandidos. Somos trabalhadores, pais e mães. A polícia precisa ter respeito com todo mundo.”
A comunidade busca apoio institucional para avançar na regularização fundiária, cujo processo tramita atualmente na Superintendência do Patrimônio da União (SPU), com acompanhamento do Ministério Público Federal. A expectativa é que, após a conclusão da etapa federal, o processo siga para o município.
Hoje, a Comunidade Nova Esperança faz parte do contingente de sete favelas e comunidades existentes em Joinville, segundo dados do Censo Demográfico de 2022, realizado pelo IBGE. Segundo o instituto, em Nova Esperança há 177 pessoas distribuídas em 51 domicílios.
Além da regularização, os moradores cobram acesso a serviços públicos como saúde, transporte e infraestrutura básica — considerados essenciais para garantir dignidade e cidadania.
O que disse a Celesc
Em contato com a assessoria de imprensa, a Celesc esclarece que, por decisão judicial, está impedida de realizar ligações de energia elétrica em residências localizadas em Áreas de Preservação Permanente (APP), como é o caso da Comunidade Nova Esperança, instalada em região de mangue, no bairro Adhemar Garcia, em Joinville. A companhia atua em conformidade com a legislação e decisões judiciais vigentes.
Ainda segundo a Celesc, a área em questão pertence à Marinha — ou seja, é de responsabilidade da União. Inclusive, já há uma ação judicial que reconhece a obrigação da União em promover a regularização fundiária do local ou, alternativamente, a realocação das famílias que ali residem. Enquanto não houver essa definição, a Celesc deve cumprir a determinação judicial que proíbe novas ligações.
A assessoria também informou que, recentemente, representantes da Secretaria de Habitação do município — que também atua no processo de regularização fundiária —, representantes da comunidade e da Prefeitura estiveram na Celesc, em Joinville, para tratar sobre o futuro da área. Na ocasião, a Celesc sinalizou a possibilidade de fornecer energia temporária, desde que haja a concordância formal da comunidade.