O Governo Federal anunciou os aprovados para todos os cargos do Concurso Nacional Unificado (conhecido como Enem dos Concursos), evidenciando a predominância masculina nos cargos de tecnologia da informação (TI).
O Ministério da Gestão divulgou o relatório de aprovados, que mostra que 91,6% dos classificados para os cargos de Tecnologia, Dados e Informação são homens.
“O que acontece com o bloco de tecnologia da informação, um percentual muito maior de homens do que de mulheres, é reflexo do que ocorre na sociedade. O Ministério da Ciência e Tecnologia tem atuado bastante para aumentar a presença feminina nessas áreas”, afirma Esther Dweck, ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos do Brasil.
Apesar de as mulheres representarem aproximadamente 60% dos graduados no país, nos cursos de TI, essa fatia é de apenas 15%, segundo dados do IBGE.
Ainda segundo o estudo, a participação feminina em cursos relacionados à ciência, tecnologia, engenharia e matemática vem caindo nos últimos 10 anos. Em 2012, a média era de 23,2%, enquanto, em 2022, passou para 22%.
De acordo com o relatório de diversidade realizado em 2024 pela Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom), a presença feminina no setor tem aumentado nos últimos anos, principalmente em cargos de liderança.
No entanto, a mudança ainda é lenta e apresenta pontos que evidenciam a disparidade entre homens e mulheres.
O setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) representa 58% do mercado de trabalho formal do Macrossetor (TIC), que engloba serviços de TI, comércio e indústria de hardware e software.
Atualmente, estima-se que há 1,2 milhão de profissionais no setor, dos quais 61% são homens e 39% são mulheres. O estudo mostra que, em 2024, houve um aumento de 1,9% na contratação de mulheres em relação ao ano anterior. No entanto, ainda assim, foram contratadas 8.773 mulheres e 10.525 homens.
A disparidade salarial entre homens e mulheres também chama a atenção. Homens ganham, em média, 37,1% a mais do que as mulheres. Enquanto a remuneração masculina gira em torno de R$ 4.106, a feminina fica em R$ 2.995.
Se comparado à área de Analistas de Desenvolvimento, que concentra a maior parte dos profissionais do setor TIC — com 78,5% de homens e 21,5% de mulheres —, a massa salarial masculina é 4,27 vezes superior à feminina.
Segundo o estudo, essa diferença se explica pela maior concentração de homens nos níveis hierárquicos mais altos. De fato, na área de operações, TIC e P&D, 71,9% dos cargos de diretoria e gerência são ocupados por homens, enquanto 28,1% estão com mulheres. No setor de TIC como um todo, a discrepância diminui um pouco, com 64,4% dos cargos sendo ocupados por homens e 35,6% por mulheres.
O único fator em que as mulheres superam os homens é no nível de escolaridade. Mulheres em posições de liderança no setor demonstram níveis de qualificação superiores aos dos homens que ocupam as mesmas funções.
Enquanto 10% dos homens em cargos de diretoria e gerência possuem pós-graduação, mestrado ou doutorado, entre as mulheres esse percentual sobe para 12%. Nos cargos de especialista e coordenador, 52% dos homens têm ensino superior completo, comparado a 62% das mulheres.
O estudo da Brasscom, cujo conselho de administração é composto por 19 homens e apenas uma mulher, reforça que, apesar da lenta evolução e das diversas iniciativas, o setor ainda carece de ações robustas para promover a diversidade em todas as suas dimensões.