Na última quinta-feira, 9, o Governo Federal anunciou a criação de um Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE) voltado ao monitoramento da dengue e de outras arboviroses.
A medida busca antecipar ações preventivas ao período sazonal da doença, ampliando a vigilância epidemiológica, laboratorial, assistencial e o controle de vetores em todo o país.
Durante coletiva de imprensa, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, ressaltou a importância de ações preventivas como parte do Plano de Ação contra a Dengue.
“Prevenir é sempre melhor do que remediar, o que inclui medidas simples que cada cidadão pode adotar, como dedicar 10 minutos semanais para eliminar possíveis focos do mosquito em casa e nas proximidades”, afirmou a ministra.
O trabalho do COE será realizado em parceria com estados, municípios, instituições científicas e outras pastas do governo, coordenando ações de resposta às emergências em saúde pública.
A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, destacou que, embora o Brasil ainda não esteja em situação de emergência, já há mobilização nos estados com tendência de aumento nos casos.
“Estamos em alerta e mobilização, antecipando ações específicas para conter o avanço da doença”, explicou a secretária.
Entre as principais medidas estão a expansão do método Wolbachia, de três cidades (incluindo Joinville) para 40, e a implantação de 150 mil estações disseminadoras de larvicidas.
Outras ações incluem o uso de insetos estéreis em aldeias indígenas, borrifação em locais de grande circulação, como escolas e asilos, e o emprego do Bacillus thuringiensis israelensis (BTI) para controlar a disseminação do mosquito.
Joinville registrou números expressivos da dengue em 2024
A cidade de Joinville encerrou o ano como um dos municípios do estado com mais mortes por dengue, 83 no total. Em relação aos focos, o município lidera de forma expressiva, com 17.481 registros. Em comparação, Florianópolis contabilizou 3.741 focos.
Quando o assunto é vacinação, não há números concretos disponíveis pelo município e pelo estado. Um levantamento apontou que a região Nordeste, onde Joinville está situada, imunizou 51,6% da população-alvo.
Ampliando para o estado de Santa Catarina, os números são ainda mais preocupantes. O estado enfrenta baixa adesão à vacinação contra a dengue entre adolescentes de 10 a 14 anos. Das 221 mil pessoas nesse grupo, apenas 37 mil tomaram as duas doses da vacina, o que representa 12% do total. A meta do Ministério da Saúde é vacinar 90% do público-alvo.
Com as chuvas de verão ocorrendo mais cedo — desde dezembro, a cidade registra acúmulos de chuva acima do esperado — e com os altos índices de calor, há grande possibilidade de os casos voltarem a aumentar se as ações de combate, prevenção e vacinação não forem intensificadas. A última ação do município ocorreu em 12 de dezembro.
Em 2024, Joinville registrou os maiores índices de evolução dos focos entre os meses de janeiro e maio, além de um novo aumento no final do ano.
A cidade enfrentou o colapso do sistema de saúde em diversos momentos de 2024. Para 2025, os prognósticos do Ministério da Saúde não são animadores, prevendo aumento nos casos de dengue, Chikungunya, Zika e Oropouche.
Governo monta estratégia com estados e municípios para prevenir avanço da dengue
O Governo Federal lançou o Plano de Contingência Nacional para Dengue, Chikungunya e Zika. A finalidade é garantir uma preparação adequada para conter o avanço das doenças.
Uma estratégia complementar inclui a aquisição de 9,5 milhões de doses da vacina contra a dengue para 2025.
Segundo o Ministério da Saúde, a produção do laboratório fabricante ainda é limitada, impedindo a disponibilidade em larga escala. Por isso, a eliminação dos focos do mosquito segue como a principal estratégia. Até o momento, 5,5 milhões de doses foram enviadas aos estados e ao Distrito Federal.
Desde setembro de 2024, o Plano de Ação 2024/2025 implementa seis eixos de ação, definidos em parceria com instituições públicas, privadas e organizações sociais. As iniciativas incluem:
- Prevenção e vigilância;
- Organização da rede assistencial, com qualificação de profissionais para diagnóstico e tratamento;
- Mobilização e comunicação comunitária;
- Recomposição dos estoques de inseticidas, com 100% dos estados abastecidos;
- Distribuição de mais de 3 milhões de testes para detecção de dengue e outras arboviroses.