Imagine você começar a ter sede demais, se sentir cansado ou ter fome excessivamente. Naturalmente você procura um teste de farmácia ou faz um exame de sangue mais completo. O diagnóstico soa como um baque: Diabetes. Uma doença muito comum, porém perigosa quando não tratada adequadamente. E na maior cidade catarinense, a fila de espera por uma consulta especialista no assunto pode demorar até três anos, pois existem apenas quatro endócrinos na rede, sendo que um deles está afastado.
O programa semanal Café com Chuville na 89FM deste sábado (21) vai conversar com a presidente da Associação dos Diabéticos de Joinville (Adijo), Cláudia Medeiros Soares. A entidade vem, há 33 anos, sendo um alento para quem sofre com o Diabetes na cidade.
“Joinville tem hoje 3 mil pessoas na fila de espera por uma consulta. Então se a pessoa foi diagnosticada e leva esse tempo para a primeira consulta, ela chega no pronto socorro e já vai ser internada na UTI”, explica Cláudia.
Segundo especialistas, após o diagnóstico da doença, o paciente precisa ser acompanhado por um endocrinologista a cada seis meses. Mas em Joinville a consulta ocorre com um clínico geral da Unidade Básica de Saúde em intervalo muitas vezes maior que um ano. “Tempo demais, há risco de maior custo para o município, pois a pessoa vai precisar ser internada”, diz a presidente da Adijo.
Insulina em desabastecimento
A falta de frascos de insulina tem afetado o tratamento do Diabetes no mundo todo. Em Joinville, a Secretaria de Saúde afirma que o problema é nacional, porém o Ministério da Saúde divulgou, no fim de novembro, um acordo para abastecer estados e municípios com 1,8 milhão de unidades de insulina NPH e regular (frascos e canetas). A quantidade garante o tratamento até dezembro do ano que vem.
Além disso, o Ministério enviou, em outubro, mais de 60 milhões de frascos de insulina para todo o país. A nota publicada pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), pelo Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e pelo próprio Ministério, também garante ação centralizada para não faltar insulina hospitalar.
Prefeitura não pretende contratar mais endócrinos
Procurada pelo Chuville Notícias, a Secretaria de Saúde afirmou por nota, que atualmente há um modelo em funcionamento onde os médicos da Estratégia e Saúde da Família (clínicos gerais) fazem o acompanhamento dos pacientes diagnosticados. Ressalta ainda que “esses profissionais contam com o suporte dos endocrinologistas e de outras especialidades, através de teleconsultoria”.
A nota ainda diz que pacientes diabéticos encontram nas Unidades Básicas de Saúde grupos de acompanhamento, como atividade física e orientação sobre alimentação saudável.
Esta reportagem também questionou se haverá uma possível parceria com a Adijo, afinal a entidade conta com estrutura e profissionais de apoio. Segundo a nota, a possibilidade está descartada no momento.
Prefeitura respondeu questionamento do Ministério Público
No começo deste ano, uma paciente que estava há mais de um ano na fila de espera, protocolou denúncia junto ao Ministério Público. A resposta da Secretaria de Saúde foi de que havia, naquele momento, cerca de 1,9 mil pessoas aguardando atendimento para o Diabetes.
“Convivo há 26 anos com a doença e eu cheguei até a perder meu emprego, pois além de ter esperado um ano, desmarcaram a consulta três vezes, sendo que eu já estava a caminho, ou seja, nem consegui atestado no dia”, lembra Ani Priscila Móbis, paciente quem fez a denúncia ao MP.
Hoje ela conta que faz o acompanhamento, mas sabe que só foi atendida por causa do Ministério Público e considera: “E quem não pode fazer isso? Quem nem tem conhecimento para isso?”.
Ouça o programa com a entrevista da presidente da Adijo no Café com Chuville na 89FM neste sábado (21), ao meio dia. Em seguida, você poderá assistir ao programa no nosso canal do Youtube. Inscreva-se aqui!
