OPINIÃO: A esquerda sofreu um STRIKE nessas eleições. O que está acontecendo?

O modo de produção capitalista vive uma crise terminal, gerando muita confusão, distorções e dissonância como sempre ocorreu na queda de grandes impérios históricos e seus modos peculiares de produção. Foi assim com o Império Romano, quando aquela rica civilização europeia retrocedeu e se impôs o modo de produção feudal, um modelo semelhante aos clãs na sociedade primitiva, mas com proporções gigantescas.

Nesse período a religião dominou e sufocou o conhecimento e a ciência. Demorou mais de mil anos para a RENASCENÇA romper com esse período sombrio e obscuro, resgatando a arte, a cultura e novamente o conhecimento com Galileu, Da Vinci, Michelangelo, Maquiavel, Newton, entre muitos outros. Depois veio o ILUMINISMO com uma pá de cal pra romper definitivamente com o modo de produção feudal. A burguesia tomou o poder e emerge com o regime capitalista e suas revoluções. Lá se vão trezentos anos e o sistema vive uma crise insolucionável. Se manter a toada, vamos descambar para a BARBÁRIE fundamentalista.

A Itália, palco do Império Romano, também foi do Renascimento entre os séculos XIV e XVI, bem como do FASCISMO. Esse último surge como uma organização paramilitar em 1919 e se transforma em partido em 1921, elegendo Benito Mussolini como Presidente da República, em 1922. A Alemanha e a Espanha seguiram o mesmo caminho, e os demais países europeus tiveram a política consumida por essa erva daninha.

Quais as características desse regime extremista? Culto à personalidade, obediência cega, militarização da sociedade, desprezo pela democracia, mobilização das massas, perseguição aos opositores da esquerda, nada muito diferente do que estamos vendo no comportamento de setores sectários da política recente no Brasil. O resultado final desse modelo gerador de CAOS e ÓDIO, a história condenou após a destruição da Europa.

O capitalismo mostrou sua verdadeira face no século XX com a promoção de duas grandes guerras mundiais e outras muitas guerras periféricas com o cortejo de sangue e destruição. Essa é a essência desse modo de produção que tem seus aparelhos ideológicos (meios de comunicação, igreja, escola, a justiça, a política, a cultura, etc.) para manter a ordem e o sistema vigente para reproduzir tais condições ad infinitum.

Nesse processo de decomposição do capitalismo que só tem guerra, destruição, caos e morte a oferecer, emerge com força os bate paus e pit bulls extremistas manipulados pelas redes sociais e suas bolhas ideológicas, promovendo lobotomia e hipnose social. No Brasil, essas bestas são seguidores dos ditames do guru falsário e astrólogo, Olavo de Carvalho.

Assim como a violência era o modus operandi do Nazifascismo europeu, entre os anos 20 e 40, a versão tupiniquim emerge dos milicianos cariocas e do PCC paulista com seus tentáculos envolvidos entre cardeais de direita da política nacional. A praxis é a mesma, de violência contra os socialistas, social democratas e comunistas, ou seja, contra a esquerda.

A partir das jornadas de junho de 2013, com o levante contra o reajuste de R$ 0,20 centavos na tarifa do transporte coletivo que tomou as ruas em todo o Brasil, emerge a narrativa da antipolítica e da esquerda como a organização do demônio. Foi um prato cheio para o extremismo virar a cabeça do povo, dando inconsciência política à extrema direita e alienação em suas bolhas do whatsapp.

A direita que sempre foi a alavanca do sistema para arrancar o couro do povo, se tornou sacrossanta e a esquerda, que sempre lutou por justiça social e pelas reivindicações populares para acabar com a exploração, se tornou a alavanca de satanás. As garras fascistas vão se tornando poderosas. Lula impede Bolsonaro de se reeleger por 1% dos votos, o mesmo ocorre na eleição de São Paulo, com Boulos tirando Marçal da disputa de segundo turno com 1%. Sorte? Providencia divina para segurar o caos?

Só sei que o abandono pela esquerda da luta de classes que organizava os trabalhadores contra a exploração burguesa da mais valia, o abandono da periferia que sofre as consequências nefastas do sistema, a troca pelas pautas identitárias, é o prenúncio para o CAOS que se avizinha. A periferia foi tomada pelo evangelismo de Mamom e pelo tráfico de drogas.

A situação é tão bizarra que o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), negacionista ambiental que teve ouvidos moucos aos alertas dos cientistas sobre as enchentes, que não moveu uma palha para garantir a manutenção dos diques de contenção da cidade, quase se reelegeu no primeiro turno. Fez 49,72% dos votos, mesmo após a cidade chafurdar na lama com as enchentes. Bastou ele se aproximar dos cardeais pentecostais que cultuam Mamom ao invés de Jesus. É bizarro e assustador a bestificação predominante da mentalidade do povo.

A esquerda precisa urgente fazer um inventário de sua PRAXIS e se insurgir contra o sistema capitalista que está em fase terminal. Como disse Alysson Mascaro no 247, antes que seja tarde, o povo precisa ter a cabeça martelada pra despertar da abdução coletiva, da lobotomia, da hipnose social que a extrema direita teve competência para lhe enfiar.

Em 2018, a maioria dos brasileiros elegem Bolsonaro presidente e, por uma vírgula, ele não implanta um regime ditatorial no país nos moldes venezuelanos. Na reeleição, os democratas se juntaram e impediram o dito cujo de se reeleger, mas a BOZOLÂNDIA está forte, crescendo e ganhando musculatura. Novos quadros extremistas pululam e poluem o ambiente político.

Após saírem da Caixa de Pandora, ganham destaque nacional, caso de Pablo Marçal em São Paulo e de Adriano Silva em Joinville, até então o único prefeito eleito do NOVO no Brasil, um extremista de sapatênis, de fala mansa e cara de coitadinho, reeleito prefeito com quase 80% dos votos. Sua principal proposta é terceirizar o serviço público para organizações sociais atoladas em CORRUPÇÃO, começando pelo Hospital São José, passando pelas UPAS, os CEIs e a educação.

Com a votação massacrante de Adriano, podemos concluir que a absoluta maioria dos servidores votaram no algoz que vai destruir os serviços públicos e a aposentadoria. Afinal, como manter o IPREVILLE, instituto do regime próprio de previdência, após esse avanço das pretendidas terceirizações? Para que concurso público se a política é de terceirização? Adriano apostou na precarização da saúde para o povo incauto culpar os servidores e votar nele. Mas o bizarro é os servidores não terem se dado conta da trama e o fim que se desenha.

E quem disse que os contratados pelas terceirizadas darão um atendimento melhor ao povo que votou no Adriano, se estes receberão salário bem inferior e condições de trabalho precarizadas? Afinal, o objetivo é enxugar os custos para dar lucro aos donos das terceirizadas, certo? É o Conselho Nacional do Ministério Público quem afirma: o sistema de organização social só serve para gerar lavagem de dinheiro, enriquecimento ilícito, propina para caixa dois de campanha e é um modelo de gestão que precisa ter fim. Isso consta num documento publicado em 2019.

Karl Marx dizia que a história acontece primeiro como tragédia e depois como farsa. Não sei se será tragédia, farsa ou as duas ao mesmo tempo, mas o CAOS está desenhado com a ascensão do Fascismo no Brasil e no mundo. Acho que a sorte vai nos abandonar e a providência divina vai fazer como Pilatos: lavar as mãos. Na Europa, o Nazifascismo sob as bençãos das igrejas contra o comunismo e os judeus, culminou com a Segunda Guerra que dizimou 80 milhões de seres humanos.

O que será dessa vez eu não sei porque não sou a Mãe Dinah, mas a ignorância dos fatos históricos e seu contexto, a crença religiosa cega pseudo cristã e em ideologia extremista, oriunda de um ideólogo astrólogo que acreditava na Terra plana, vai nos levar ao abismo e destruição se os democratas, progressistas e socialistas não tiverem a capacidade de desnudar as mentiras, fake news e a cegueira ideológica de parte significativa da humanidade.

Estamos sob uma encruzilhada histórica. Nunca a palavra de ordem SOCIALISMO ou BARBÁRIE foi tão atual.