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Ponte Nacar: o progresso passando por cima da história

A mesma ponte que promete fluir o trânsito da zona sul de Joinville, tranca o fluxo de barcos, que historicamente circularam por ali.

Redação, Portal Chuville

16 agosto 2024

editado em 16 agosto 2024

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Ponte com estrutura mais baixa. Foto Divulgação

A tão aguardada Ponte da rua Nacar, projetada há mais de dez anos, enfim começou a ser construída. Localizada entre as ruas Nacar e Coronel Francisco Gomes, na zona sul de Joinville, é uma promessa de fluidez no pesado trânsito da região, uma alternativa de ligação ao Centro, que hoje é feita pelas ruas Guanabara e Santo Agostinho. Ocorre que a obra passa sobre o rio Bucarein, por onde sempre passaram barcos de pequeno e médio portes.

Ainda na gestão do ex-prefeito Carlito Merss (PT), a Ponte Nacar já aparecia nos planejamentos, incluindo a busca por recursos financeiros. Durante a Gestão Udo Dohler (MDB), nada saiu do papel porque não havia consenso sobre o que seria feito com os barcos que passavam pelo rio em direção à Baía da Babitonga. Porém a atual gestão do prefeito Adriano Silva (Novo) resolveu esta questão de uma forma prática: barateou a obra ao custo de trancar a passagem de embarcações.

Deram 1h para os pescadores tirarem os barcos

Cinco pescadores moram perto da construção da ponte e sustentam suas famílias com este trabalho. Quando as obras começaram, no começo de junho deste ano, os problemas apareceram, é o que conta um dos pescadores, o seu Sena, que há 40 anos navega pelo rio Bucarein: “Quando o pessoal chegou eu fui lá conversar, até tinha uma engenheira e um representante da prefeitura. Me deram uma hora pra tirar meu barco dali, só que a maré estava baixa, quando voltei cerca de dez minutos depois, a primeira viga já estava por cima e ainda disseram que eu tinha que me virar agora”, lamenta.

Seu barco de nove toneladas agora não pode sair, porque as vigas que fazem a base da ponte estão muito baixas. A altura entre o rio e a ponte, também chamada de “calado”, está abaixo de 4 metros. Esta foi uma solução mais barata do que manter a estrutura mais alta, como foi feito na vizinha Ponte Mauro Moura, que liga a Arena à rotatória do Parque da Cidade. A Mauro Moura foi erguida em 1998, já considerando as navegações.

O projeto divulgado pela prefeitura dá a entender que a ponte seria mais alta, permitindo que barcos passem por baixo, veja:

Projeto da ponte. Arte Divulgação

Gestão anterior reconhecia rio navegável

Em uma reunião na Comissão de Urbanismo da Câmara de Vereadores em 2017, na gestão Udo Dohler (MDB), o engenheiro Paulo Renato Veccietti, então diretor da Seinfra, reconheceu que o rio Bucarein era navegável. Disse ainda que havia uma recomendação da Capitania dos Portos para manter o projeto da ponte da rua Nacar mais alto, porque o rio era navegável. Na mesma reunião, Paulo disse que a prefeitura tinha conhecimento de uma marina de pequenos barcos próxima à área da construção da futura ponte.

Ponte baixa mantida pela atual gestão

Mesmo com a polêmica envolvendo os pescadores no início das obras, mesmo com algumas reuniões feitas na Câmara de Vereadores ouvindo todos os lados em busca de resolução do problema, a prefeitura optou em continuar com a ponte mais baixa. Em resposta ao Chuville Notícias, a Seinfra, por meio da assessoria de imprensa, chegou a apresentar o Parecer de Interferência Prévia (PIP), emitido pela Capitania dos Portos da Marinha Brasileira.

Embora o documento não faça nenhuma menção à marina existente no local, o órgão federal deixou o município livre para escolher qual altura a ponte deveria ter. E caso optasse pelo “calado” menor, a prefeitura deveria “realizar gestões junto ao proprietário da embarcação ‘Marfim’, para que haja a remoção da mesma antes do início da obra”. O que segundo os pescadores, não aconteceu. Outra exigência é o projeto de sinalizações náuticas, de modo a orientar a navegação com a nova obra.

Já a Seinfra rebate dizendo que todos foram comunicados sobre o início das obras, tudo “com registros oficiais das comunicações formais realizadas. Não houve impedimento da retirada da embarcação”.

A ponte

A ordem de serviço da também chamada Ponte Harald Karmann foi assinada ainda no fim do ano passado. Orçada em R$ 6,9 milhões, terá 42 metros de comprimento, 15 metros de largura, abrigando três pistas, sendo uma destinada ao transporte coletivo exclusivo, além de calçadas para pedestres. O prazo de conclusão é de oito meses.

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