A greve dos professores da rede estadual de Santa Catarina, iniciada no dia 23/04, completa seis dias hoje, 29/04, sem ambos os lados chegarem a um acordo. O Sindicato colocou as reivindicações na mesa, e o governo do estado respondeu dizendo que parte já foi atendida e ameaçou com descontos no salário dos professores que aderiram à greve.
Na noite de domingo, o governador Jorginho Mello divulgou nas redes sociais um vídeo afirmando que o salário de SC é o maior da região sul. Ainda sinalizou que aumentou em mais de 100% o vale alimentação, revisou o desconto de 14% do desconto criado pelo governo Moisés, e informou que até o fim de junho será realizado um dos maiores concursos do estado com expectativa de 10.000 professores serem contratados.
Mas termina pontuando que é inviável a descompactação da folha de pagamento, uma das principais reivindicações da categoria dos professores. Segundo Jorginho, custaria mais de 4,5 bilhões aos cofres públicos, ultrapassando os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal. Atender ao sindicato seria cometer um crime, segundo palavras do Governador.
Ao término da fala, diz que determinou à Secretaria da Educação que seja descontado na folha o salário dos professores grevistas e que sejam contratados professores temporários para substituir os que estão em greve.
Do outro lado da mesa
No mesmo dia, o sindicato respondeu também em vídeo às falas do governador. Segundo José Cristovam, responsável pelo setor jurídico do Sindicato, os argumentos do governador são infundados, misturados com tons de ameaça e desinformação, e aponta justificativas:
“A greve é um direito constitucional assegurado a todos os trabalhadores; em todas as greves do magistério, historicamente, sempre houve reposição dos dias paralisados e nunca houve confirmação dos cortes dos salários dos servidores; e, por último, citou ser ilegal a reposição das vagas de profissionais em greve”.
Ainda na resposta do sindicato, Cristovam diz que o governo superestima o valor, alegando que já há 3,5 bilhões para serem aplicados no serviço público do estado, além de afirmar que as propostas foram requentadas do ano passado, e que os profissionais de carreira dos estados do Paraná e Rio Grande do Sul ganham mais que os de SC.
Em Joinville, Alex Kraisch, diretor jurídico do Sinte-SC no município, disse a canais de imprensa que a greve irá continuar, e que as ameaças feitas pelo governador assustaram alguns professores, mas não surtiram efeito, pois na escola em que ele atua, três professores entraram em greve hoje, mas dois voltaram (a trabalhar), então ganharam um.
Enquanto de um lado o sindicato pede seis, numa alusão ao jogo de truco, aumentando a aposta na greve e procurando mobilizar a categoria indo a escolas para sensibilizar os professores que ainda não aderiram, o governo do estado tenta dar o famoso blefe, muito comum também no jogo, e que por via de regra, se você não estiver atento, costuma dar certo.