Eram 7 horas da manhã desta segunda-feira (25) quando cerca de 20 servidores públicos de Joinville – categoria está em estado de greve desde a semana passada – chegaram em frente à prefeitura para montar acampamento. O objetivo era forçar negociação com o prefeito Adriano Silva (Novo), uma vez que desde fevereiro Adriano não se sentou à mesa de negociação. O número de adeptos ao movimento foi somando ao longo do dia.
Ainda durante a manhã, o secretário de Gestão de Pessoas, Ricardo Mafra, recebeu a diretoria do Sinsej (Sindicato dos Servidores Públicos de Joinville), mas não avançou em proposta. Reforçou que a prefeitura só pode reajustar 3,13%, índice já aprovado pela Câmara de Vereadores para o pagamento de abril, incluindo o valor do vale alimentação.
A diretoria do sindicato contestou, mostrando que o índice está abaixo da inflação dos últimos 12 meses, que de acordo com o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) é de 4,5%. Por ser ano eleitoral, a prefeitura antecipou o reajuste anual, mas levou em consideração 10 meses, usando como referência um posicionamento do Tribunal de Contas de SC.
Assim, a Procuradoria Geral do Município ficou de se reunir à tarde com a diretoria do Sinsej, para que pudessem analisar as diferentes interpretações da atual legislação. Porém não houve reunião, apenas um ofício foi encaminhado ao Sinsej, que segue acampado em frente à prefeitura. O documento apenas reforça o que havia sido dito na reunião desta manhã.
“Deu pra perceber que falta vontade política de conceder a inflação. Outros municípios e sindicatos de outras categorias conseguiram aumentos até maiores, mas aqui o prefeito sequer tem a coragem de sentar numa mesa com o Sindicato e olhar nos olhos de quem realmente faz a máquina da cidade girar, ou seja, os servidores públicos”, considera Jane Becker, presidente do Sinsej.
Sindicato mantém acampamento até assembléia geral desta terça-feira
Um grupo de servidores públicos deverá seguir acampado no jardim da prefeitura até a assembléia geral da categoria, marcada para esta terça-feira, às 19h, na sede do sindicato. A esperança é que o prefeito considere ao menos a inflação dos 12 meses antes de levar a situação para a assembléia, quando poderá ser decretada greve por tempo indeterminado. Caso isso ocorra, será a primeira greve do serviço público da gestão Adriano Silva.
Dieese avalia que prefeitura pode reajustar 4,5%
Procurado pelo Chuville Notícias, o economista e supervisor técnico do Dieese SC (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos), José Álvaro de Lima Cardoso disse que a prefeitura de Joinville poderia conceder o reajuste de 4,5%, índice oficial dos últimos 12 meses.
“É uma decisão simples de tomar, afinal o IBGE divulga as estimativas dos meses faltantes, no caso de ano eleitoral como este. Então você tem índices oficiais que te dão garantias”, explica.
Na sua avaliação, as contas da prefeitura têm margem para aplicar o reajuste oficial. Isto porque nos últimos 12 meses a receita corrente líquida do município foi de R$ 3,25 bilhões. Ou seja, já descontando todas as despesas. Além disso, possui R$ 70 milhões da chamada “dívida negativa”, ou seja, a quantia é somada pelos credores que devem à prefeitura.