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OPINIÃO: Prefeito Adriano (Novo) e governador Jorginho (PL) apostam no negacionismo ideológico e põem em risco a vida das crianças e adolescentes

Redação, Portal Chuville

01 fevereiro 2024

editado em 01 fevereiro 2024

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jane

Opinião por:
Jane Becker - professora e presidenta do Sinsej (Sindicato dos Servidores Públicos de Joinville)

É inconcebível a inconsequência do prefeito Adriano, do Novo de Joinville, e do governador de SC, Jorginho Mello do PL, de decretarem o fim da obrigatoriedade da vacina contra Covid-19 às crianças e adolescentes para as matrículas nas escolas e CEIs. Mesmo após quase 2.400 óbitos na cidade por Covid-19, o alcaide municipal não se deixa sensibilizar.

Estranhamente, percebemos que a secretária da saúde, Tania Eberhardt, não estava presente para chancelar o decreto que o prefeito Adriano divulgou num vídeo em suas redes sociais. Adriano alegou na contratação de Tânia, as suas aptidões, capacidade e experiência para ser a gestora da saúde. Em várias reuniões e audiências públicas nos bairros em que estive presente e que contou com também com a presença da secretária, Tânia expunha com preocupação que um de seus grandes desafios era a vacinação, porque haviam munícipes que há algum tempo não se vacinavam mais. Ela SEMPRE fez a defesa correta da imunização.

Portanto, a pergunta que não está calando é por que a secretária da saúde não estava presente no vídeo? Seria por divergência com a decisão estapafúrdia de Adriano? Afinal, a especialista da saúde neste governo é Tania Eberhardt. Ela ter acordo com essa medida, joga no lixo a sua história e os discursos que fez nas reuniões que estive presente.

Cabe perguntar se o negacionismo vai valer também para a vacinação da Dengue. Basta lembrar que, em 2023, Joinville foi a cidade campeã nacional de óbitos por dengue. Foi anunciado hoje pelo Ministério da Saúde que Joinville receberá os imunizantes contra a Dengue na próxima semana. A negação vai ter o mesmo vigor? Até quando vamos correr o risco de vida pelo oportunismo político do prefeito Adriano Silva?

Voltando à Covid-19, conforme nota técnica da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), publicada em 22 de janeiro, a vacina contra a Covid-19 tem se mostrado eficaz para quase 90% das crianças e adolescentes. A nota diz ainda que a vacinação reduz em 41% o risco de criança e adolescentes desenvolverem Covid longa. Para bebes com até seis meses, a proteção chega a 61%. Então, cabe perguntar ao prefeito Adriano Silva e governador Jorginho Mello, se eles querem negar a ciência e sob quais argumentos? Seria em razão de um negacionismo ideológico oriundo de teorias conspiratórias, alimento putrefato que envenena mentes perturbadas de cognição medíocre e coração torpe?

Esse filme ganhou audiência e seguidores após a abertura da Caixa de Pandora pela eleição do líder destes néscios, o GENOCIDA Jair Bolsonaro. Como resultado concreto, temos uma queda significativa e baixa adesão à vacinação de Covid-19 e de outras doenças que haviam sido erradicadas no Brasil.

Estaria Adriano, Jorginho e seus seguidores com saudade dos tempos em que morriam milhares de pessoas vítimas de varíola? E da poliomielite, que matava milhões no mundo ou acometia crianças desafortunadas com comprometimento neurológico? Saudades das muletas e dos pulmões de aço? E as epidemias de febre amarela que, citando o padre Vieira, “deixaram as casas cheias de moribundos, as igrejas, de cadáveres e ruas, de tumbas”. Será que as mais de setecentas mil mortes no Brasil e as mais de sete milhões de vítimas por Covid-19 no mundo não vacina a consciência destes irresponsáveis?

Será que Adriano e Jorginho são tão ignorantes que desconhecem a história do Brasil quanto a levantes contra as vacinas como ocorrido no Rio de Janeiro em novembro de 1904? O estopim foi a obrigatoriedade da vacinação contra uma epidemia de varíola. Durante cinco dias a história da saúde pública no Brasil foi marcada pela Revolta da Vacina, que deixou um cortejo de prisões, feridos e mortos. Na época, o Rio de Janeiro sofria com outras doenças, como peste bubônica, tuberculose e febre amarela, e a cidade era conhecida no exterior pelo horrendo apelido de “túmulo de estrangeiros”.

Em 1904, cerca de 3.500 pessoas morreram vitimadas de varíola e havia 1.800 internações pela enfermidade num único hospital carioca, o Hospital São Sebastião. Nem isso acalmou os ânimos dos negacionistas da época, que se insurgiram contra a vacinação.

Oswaldo Cruz foi o pilar que enfrentou esse negacionismo e sugeriu a lei 1.261/04 que tornou obrigatória a exigência de comprovação de vacinação contra a varíola para a realização de matriculas nas escolas. A medida também previa o pagamento de multas para quem resistisse à vacinação. Infelizmente, qualquer semelhança com os dias de hoje, não pode ser mera coincidência.

A hesitação popular sobre às imunizações tem gerado o retorno de doenças erradicadas, como o sarampo e se isso não for corrigido, outras doenças extintas voltarão à ativa. A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem denunciado que essa hesitação é fruto de desinformação e de compartilhamento de FAKE NEWS. “Estamos sob a concreta ameaça de reversão do progresso feito no combate às doenças evitáveis por meio de vacinação”. Não tenho dúvida de que a vacina é o melhor instrumento de saúde pública já inventado. “Na ausência dos imunizantes, teríamos tido muito mais mortes por um grande número de doenças e teríamos vivido muito mais pandemias. Infelizmente, a vacina voltou a ser questionada recentemente e precisamos defendê-la. A vacina é segura e funciona. A revolta deixa como importante ensinamento que a vacinação não é só uma questão médica, como também sociológica, cultural, antropológica e histórica. Para uma campanha de imunização ser bem-sucedida, é necessário o envolvimento de profissionais de diferentes áreas”, afirma o historiador Carlos Fidelis da Ponte.

Segue a posição científica da Sociedade Brasileira de Imunização (SBI). “A vacinação contra a covid-19 é uma estratégia comprovadamente eficaz e segura para a prevenção da doença, potencialmente fatal em todas as faixas etárias, inclusive entre CRIANÇAS. A incorporação de vacinas ao Sistema Único de Saúde (SUS) é atribuição do Programa Nacional de Imunizações (PNI), cujas decisões têm como fundamentos sólidas evidências científicas. Todas as questões relacionadas à eficácia, segurança e importância da inclusão da vacina contra a covid-19 no calendário infantil foram amplamente discutidas entre o PNI e os diversos especialistas que fazem parte do Comitê Assessor em Imunizações (CTAI). O parecer favorável à incorporação foi unânime”.

A medida de Adriano se encaixa como INFODEMIA, termo definido pela UNESCO para a pandemia da desinformação. Em agosto de 2022, o prefeito Adriano VETOU um projeto aprovado, na Câmara de Vereadores que proibia a cobrança do passaporte da vacina contra a Covid em Joinville. Como estamos em ano eleitoral, Adriano fará qualquer coisa para alimentar a sua voraz fome de poder para tentar se reeleger, já que pretende polarizar com o candidato bolsonarista raiz, Sgt. Lima do PL. Pouco importa colocar em risco a vida das crianças e adolescentes. Vale tudo para angariar uns votinhos de quem vive no mundo paralelo da bozolândia extremista. Ficará a sociedade joinvilense refém de duas candidaturas patológicas do bolsonarismo com suas medidas de destruição dos serviços públicos e, nesse caso, da saúde pública? Espero que não.

Sobre medidas jurídicas, vejamos o que diz o Estatuto da Criança e do Adolescente no artigo 14: “O Sistema Único de Saúde promoverá programas de assistência médica e odontológica para a prevenção das enfermidades que ordinariamente afetam a população infantil, e campanhas de educação sanitária para pais, educadores e alunos”. No Parágrafo único. É OBRIGATÓRIA a VACINAÇÃO das CRIANÇAS nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias”.

O governador Jorginho Mello do PL e o prefeito Adriano do Novo, ignoram com seus decretos inconsequentes, a Lei estadual 14.949/2009 que dispõe sobre a OBRIGATORIEDADE de apresentação de caderneta de vacinação para matrícula anual da rede pública e privada de ensino do estado de Santa Catarina. Diz o Art. 1º “Deve ser apresentada, no ato de matrícula na rede pública estadual ou privada de ensino, a caderneta de vacinação do aluno com até 18 (dezoito) anos de idade, atualizada de acordo com o Calendário de Vacinação da Criança e com o Calendário de Vacinação do Adolescente, em conformidade às disposições estabelecidas pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Estado da Saúde”.

Se isso não for barrado pelo governo federal e pela Justiça, afinal, a inclusão da vacina está contida no calendário nacional de vacinação das crianças, vai gerar efeito dominó pelo país afora, e estaremos sob ameaça de possível eclosão de novos surtos viróticos.

Respostas de 4

  1. Afirmo com certa tristeza que na convide perdi amigos por se deixarem influenciar nesse pensamento negacionistas, triste realidade. E muitos continuam com esse pensamento e posicionamento triste. Que pena.

  2. Prefeito e governador irresponsáveis. Está tudo virando do avesso, o que é errado vira certo e o que é certo vira errado. Que tempos são esses que estamos vivendo, onde o mundo paralelo se sobrepõe sobre o mundo real.

  3. que a mão do governo federal seja bem pesada, que ele use de sanções para punir municípios que não cumprirem as metas de vacinação. Adriano vai pagar um preço bem caro por está decisão.

    1. Maravilhosa decisão. Os pais são livres para decidirem e ponto. Se acha seguro, vai e vacina e tudo bem. As próprias empresas admitem alguns colaterais, então não é negacionismo, é cautela. Nossos filhos não são cobaias de companhias estrangeiras.

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