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OPINIÃO: O acidente na serra e os impactos na Babitonga

Redação, Portal Chuville

31 janeiro 2024

editado em 31 janeiro 2024

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Opinião por:
Rodrigo Lucas Pereira, historiador e pesquisador

pereira.rodrigolucas@gmail.com

No dia 29, um acidente na Serra Dona Francisca destacou nossa interação com a natureza local. Um caminhão carregando ácido sulfônico tombou, afetando o Rio Seco e, por consequência, a bacia hidrográfica do Rio Cubatão, vital para o abastecimento regional. A rapidez na formação de um Gabinete de Crise e na implementação de medidas de segurança pela Prefeitura e Companhia Águas de Joinville ressalta a importância da nossa geografia e dos nossos recursos naturais, não só em termos de beleza, mas também em sua capacidade de enfrentar e mitigar tais desafios.

O ácido sulfônico, componente de detergentes, torna-se perigoso quando liberado na natureza, ameaçando a vida aquática e a integridade dos ecossistemas. Seus efeitos incluem danos a espécies como algas verdes, peixes e microcrustáceos, componentes cruciais na cadeia alimentar aquática. Embora degradável, o ácido sulfônico pode ter efeitos duradouros, afetando a biodiversidade até a Baía Babitonga.

A Bacia Hidrográfica do Rio Cubatão, cobrindo 492 km², é essencial para a região, coletando águas que fluem para a Baía Babitonga. Originando-se na Serra Queimada e desembocando no estuário, o rio e seus afluentes formam uma rede vital para os ecossistemas e moradores locais. Enquanto as áreas mais altas permanecem preservadas, as regiões mais baixas, próximas ao estuário, enfrentam desafios ambientais, como a poluição industrial e o risco de inundações.

A história do Rio Cubatão é marcada por esforços contínuos de adaptação e gestão frente aos desafios naturais. Destacam-se as intervenções estruturais iniciadas em 1958, com a construção de um canal de derivação e obras de contenção para controlar as frequentes inundações no baixo curso do rio. Essas medidas buscaram proteger a área contra cheias, dividindo a vazão entre o leito natural e o canal artificial. Apesar da engenharia avançada, o sistema enfrentou contratempos, incluindo o rompimento de diques e barragens. Estes eventos ressaltam a dinâmica e a vulnerabilidade do Rio Cubatão, reafirmando a necessidade de vigilância e manutenção constante das infraestruturas hídricas.

A qualidade da água é uma prioridade ambiental e de saúde pública na região do Rio Cubatão, com o monitoramento conduzido pelo Comitê de Gerenciamento das Bacias dos Rios Cubatão e Cachoeira. O processo analisa parâmetros como pH, turbidez, e substâncias químicas, de acordo com a Resolução do CONAMA 357/2005. O Índice de Qualidade da Água, calculado pela CETESB, é um barômetro crítico da condição ambiental, refletindo diretamente na potabilidade e bem-estar da comunidade.

 

O acidente na Serra Dona Francisca evidenciou a importância desse monitoramento, com a Estação de Tratamento do Cubatão suspendendo a captação de água como medida de precaução. Como a água contaminada já passou, a prefeitura anunciou a volta da captação da água. Contudo, essa água chegará inevitavelmente à Baía Babitonga, onde levará alguns meses para sair do estuário.

A renovação das águas na Baía Babitonga é um fenômeno crucial para a manutenção do seu equilíbrio ecológico, impulsionada tanto pela maré quanto pela contribuição dos rios afluentes. A região do rio Palmital e as lagoas do Varador e Saguaçu são particularmente eficientes nesse processo, com taxas de renovação que evidenciam a capacidade de recuperação do estuário. No entanto, o Canal do Linguado, cujas trocas de água foram restringidas desde a década de 30, permanece como o ponto de menor renovação, destacando a importância de intervenções e políticas de gestão ambiental que visem restaurar a vitalidade da Baía.

Embora o abastecimento de água já tenha sido retomado, após testes que confirmaram sua segurança para o consumo, o olhar atento permanece no deslocamento do ácido sulfônico até o Rio Palmital e na Baía Babitonga. Aqui, o ecossistema estuarino, com uma renovação natural de águas prolongada por mais de 90 dias, enfrenta o impacto do passado com o fechamento do Canal do Linguado e o desafio presente do contaminante.

O risco do ácido integrar a cadeia alimentar existe e nos levanta um alerta sobre a segurança dos frutos do mar locais. Com o retorno da água às torneiras, a atenção volta-se para a vigilância constante dos efeitos ambientais do vazamento e para a clara atribuição de responsabilidades. A água flui novamente, mas a resolução dos danos ao meio ambiente e a prestação de contas seguem como questões pendentes que demandam ação e compromisso.

 

Uma resposta

  1. Muito importante sua informação. Mas se faz necessário que principalmente Os governos sejam cobrados na questão dos transportes de cargas toxicas interferindo na logística deste transporte bem como fiscalizar e atuar junto as empresas transportadoras. E o mais importante nas condições de trabalho destes motoristas e toda cadeia que atuam nesta. E ainda estradas com maior segurança e atuação da polícia rodoviária nesta logística dos transportes.

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