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OPINIÃO: A direita é corrupta

A prisão do prefeito do município de Barra Velha, Douglas Elias da Costa (PL), traz à luz novamente um debate que incomoda muitos aqui em Santa Catarina: a corrupção está enraizada no espectro político da direita.

Redação, Portal Chuville

25 janeiro 2024

editado em 25 janeiro 2024

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guilherme

Opinião por:
Guilherme Luiz Weiler, ex-presidente do PSOL em Joinville

A prisão do prefeito do município de Barra Velha, Douglas Elias da Costa (PL), traz à luz novamente um debate que incomoda muitos aqui em Santa Catarina: a corrupção está enraizada no espectro político da direita.

Desde 2013, quando o verde-amarelo tomou conta das ruas deste país e se tornou um movimento político organizado ligado à direita, autoproclamado “antissistêmico” e “anticorrupção”, a corrupção foi empurrada para o outro campo político, a esquerda. Até aqui, mais de dez anos depois, ainda há quem diga na rua: “votar na esquerda? Eu não! Não defendo corruptos!”.

Pois bem.

A pauta anticorrupção é uma pauta absolutamente popular e legítima, afinal, o cidadão é quem “paga a conta”, literalmente, quando há corrupção na administração pública. Nada mais justo, então, que o cidadão ser absolutamente contra qualquer prática irregular e de desvio de verba pública, uma vez que é o seu dinheiro que está em jogo – e, aliás, os serviços públicos que são seus direitos.

Antes de mais nada, porém, é preciso que se resgate alguns elementos importantes. Se os escândalos de corrupção mais recentes e mais emblemáticos envolvem empresas privadas, pergunto: quem é mais entusiasta de que a iniciativa privada integre a gestão pública, a esquerda ou a direita? A direita. Quem defende a transformação de empresas públicas, com controle rígido e combate regular à corrupção, em empresas privadas, livres deste tipo de controle, a direita ou a esquerda? A direita. Nos últimos tempos, quem foi, a nível federal, quem mais investiu em combate à corrupção dentro da gestão pública, a esquerda ou a direita? A esquerda.

A Operação Mensageiro, considerada a maior da história do estado de Santa Catarina, prendeu 16 prefeitos ao redor do estado. Sabe quantos de esquerda? Zero. Sabe quantos de direita? Dezesseis – ou, ainda, um total de 100% dos prefeitos presos, aos que gostam de estatística. Além do mesmo Partido Liberal (PL) de Douglas Elias da Costa (e seus aliados Jorginho Mello e Jair Bolsonaro), que teve dois prefeitos presos, a Mensageiro colocou atrás das grades filiados do Republicanos (1), Patriota (1), Podemos (1), PSD (2), PP (4) e MDB (5).

Na capital do estado, Florianópolis, onde inevitavelmente há mais holofotes estaduais para o noticiário local, o então prefeito Gean Loureiro, do União Brasil, foi preso em 2019 por ser suspeito de integrar uma organização criminosa. Meses depois, em 2020, foi reeleito – em primeiro turno. Mais recentemente, agora em janeiro de 2024, dois secretários municipais da capital, Ed Pereira (União Brasil) e Fábio Braga (PSD) foram alvos de operação policial por esquema de corrupção. O primeiro é aliado e correligionário do mesmo Gean. O segundo integra o mesmo partido do atual prefeito e vice de Gean, Topázio Neto, que lidera as pesquisas e pode vencer a disputa pela reeleição.

Falando em reeleição, uma pincelada rápida: o único presidente da história democrática brasileira a tentar a reeleição e não conseguir, Jair Bolsonaro, que está muito longe de ser um esquerdista, também está na mira da polícia – mas se for pra listar os motivos, esse texto vira livro. Registre-se apenas, então, o seguinte: o líder máximo do movimento bolsonarista – aquele, que lá atrás bradava em uma gritaria tosca: “me chama de corrupto, p#rr@!” – é um grandessíssimo… corrupto.

É inequívoco, portanto, afirmar que a direita é corrupta, especialmente em Santa Catarina, que vê cotidianamente na televisão e nos jornais o noticiário político se confundir com o noticiário policial. A questão, no entanto, é que nestes casos – quando o político é de determinado espectro político – a cobertura dá aquela aliviada na hora de falar do partido de quem foi preso.

Ficam, então, algumas perguntas – que deixo aqui para que o leitor possa refletir e, quem sabe, ajudar a responder. Se é a direita que é campeã da corrupção, como é possível que o título só pegue do outro lado? Se os cidadãos de Santa Catarina acompanham o noticiário, como é possível que não entendam que o problema está nos partidos e nos políticos de direita? E para finalizar: por que o povo catarinense insiste em colocar lobos para cuidar do galinheiro?

 

Guilherme Luiz Weiler é ex-presidente do PSOL Joinville e graduando em Administração Pública pela Universidade do Estado de Santa Catarina.

 

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