A instalação dos radares de trânsito, em Joinville, ganha nova polêmica a cada semana. Desta vez a reclamação foi feita pelos vereadores durante a sessão ordinária desta segunda-feira (10). Alguns motoristas também afirmaram que os equipamentos estariam escondidos atrás de postes ou árvores, dificultando a visão de quem está na pista. O Detrans, por sua vez, acatou as reclamações e está efetuando uma ligeira mudança na posição dos radares, pois o local está estipulado em edital, não pode ser trocado. Ou seja, se o radar estava alinhado ao poste, o mesmo passa a ficar um pouco mais à direita ou esquerda, de forma a ser visualizado pelos motoristas.
Até o momento são três locais impactados com esta mudança: rua Max Colin, Avenida Santos Dumont e XV de Novembro, no Vila Nova. De acordo com a prefeitura, os equipamentos continuam sendo os mesmos do edital.
Esta é a terceira polêmica envolvendo os chamados “pardais” de trânsito. A mais grave ocorreu na semana passada, quando um pedido de afastamento contra o prefeito Adriano Silva (Novo) foi protocolado na Câmara de Vereadores. A alegação era o desrespeito à Lei 9204/22, de autoria do vereador Nado (PROS), onde obriga que todos os radares tenham display de velocidade. A prefeitura argumentou que a lei em questão era posterior à data da licitação e os vereadores acabaram arquivando o pedido de afastamento por 8 votos a 7.
Vereador afirma que “verdade vai aparecer”
O autor da Lei 9204/22, que prevê display de velocidade nos radares, vereador Nado (PROS), afirma que a “verdade” em torno desta licitação ainda vai aparecer. Segundo ele, a alegação da prefeitura de que o edital é anterior à sanção da sua Lei não procede, afinal o Executivo alterou muita coisa. “Se eles alteraram quase todo o edital, mais de 150 itens, por que não incluíram a nova Lei? E mesmo que não desse para incluir, então pela quantidade de mudanças, deveriam ter publicado nova licitação”, argumenta.
Nado diz ainda que o prefeito divulgou muita fake news dizendo que os vereadores que votaram a favor de seu afastamento eram “golpistas” e contrários à fiscalização eletrônica: “Aos poucos a verdade vai aparecer e vamos ver quem é quem, eu tenho história e ela não pode ser manchada desta forma”.
Na última sexta-feira (7), uma representação sobre essa polêmica foi protocolada junto ao Ministério Público.
Empresa envolvida em escândalo de corrupção na capital
A empresa em questão, Eliseu Kopp & Cia. Ltda, foi alvo da Operação Ave de Rapina, da Polícia Federal, deflagrada em novembro de 2014. O objetivo era investigar empresários e políticos na contratação de radares em Florianópolis. O caso teve recente desfecho, onde a Vara Criminal da Região Metropolitana da capital condenou sete pessoas em abril deste ano, sendo um deles, Décio Stangherlin, mais conhecido como “Marinho”, ex-diretor de gestão de projetos e área comercial da Kopp.
Ele foi sentenciado a cumprir pena de cinco anos, onze meses e três dias de reclusão em regime inicial semiaberto, além do pagamento de 45 dias-multa, por ter sido considerado culpado por corrupção passiva em, pelo menos, nove ocasiões. Porém foi absolvido das acusações de organização criminosa e fraude em licitação. A decisão ainda cabe recurso.
A assessoria jurídica da empresa Eliseu Kopp & Cia. Ltda. não respondeu aos questionamentos desta reportagem. O espaço segue aberto para sua manifestação.